quinta-feira, 14 de março de 2013

Confidentes do Tempo

Surpreendente
É esse modo que temos
De nos achar
De nos reinventarmos
Mesmo depois de tanto tempo.
É como se o tempo não passasse
A distância não existisse
E os meses desde o longínquo último olá
Fossem apenas
Mais uma data no calendário
E nada mais.
O curioso é isso
É que o tempo passa
Os dias se vão
O mundo muda
Pessoas aparecem
Outras se vão
E a gente nem precisa colocar o papo em dia
Com aquela conversa chata
Cheia de mágoa
Timidez
Com aquele tom trivial
Do clichê irritante que é
O bom e velho:
“To bem sim e você?".
Não
Nós somos mais diretos
Mais sinceros
Não perdemos tempo precioso de estarmos juntos
Fingindo que não sentimos a falta um do outro.
A gente sabe de tudo!
A gente sabe que nada estava bem
A gente sabe que a vida não teve graça
Que tudo foi irrelevante
Então a gente nem pergunta
Nem ensaia uma birra
Nem esbraveja uma cena de ciúme
Pra falar a verdade
A gente não diz nada...
Só nos abraçamos como quem morreu de saudade
Nos beijamos como quem tem a certeza de que quer aquilo pra sempre
E olha
Com aquele olhar quase que confidente
Que diz mesmo sem dizer que:
Agora sim ta tudo bem...

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