quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Boa Falta

E durante algum tempo a frase dita pro Camille Claudel:
“II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente”
(Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta)
Sempre soou pra mim como eterna busca dolorosa.

Sempre me senti atrás de uma coisa:
Uma razão
Um propósito
Ou o sentido sobre tudo
Ao menos para validar a existência 
E mostrar que a vida estava sendo vivida na direção exata.

Em alguns momentos
Provavelmente pela busca desenfreada daquilo
Eu até encontrava esse pedaço
Esse preenchimento.
Essa parte que faltava...

E já a encontrei em vários formatos...

Já a achei em coisas
Ideologias
Momentos.

Já a achei em novidades.
Hobbys
Novos vícios.
Novas diretrizes.

E principalmente já a encontrei em pessoas:

A tal alma gêmea
O par perfeito
O amor de outras vidas
O pra sempre!
Entre tantos outros amores idealizados.

E confesso que por um momento me sentia pleno.
Preenchido
Tão preenchido e tão pleno
Mas ao mesmo tempo tão frágil
E vunerável
Que sentia falta da busca
Sentia falta de sentir a falta
E assim
A falta me passava a me faltar.

Até que eu entendi
Que o sentido da vida que eu tanto busquei
Talvez seja esse mesmo
O de não ter sentido
Não ter nada definido
Cada um viver o seu naquele momento
Ter o sentido por aquele período
E continuar a busca por essa falta eternamente
Como Sísifo no mito de Camus.

É preciso que alguém pichasse pelos muros da cidade
"A falta é importante porra!!"

Porque é o que nos falta que motiva.
O que nos falta que faz a gente acordar toda manhã e ser mais.
É o que nos falta que nos faz ser fortes.
É a falta que é nosso combustível para querer ser melhor
Ir além
Transpor nossa limite.

É essa sede que nos alimenta.
Nos mantém de pé
Superar o insuperável
Tentar o impossível
O improvável.
Dar a volta por cima.

É a falta que faz a gente querer dá o troco na vida
Se vingar de cada não.
Refazer todo fim.

A falta é nossa parte que falta
Que é moldada
Preenchida.

Que faz a gente se tornar quem precisa.
Descobrir novas coisas
Novos lugares
Novas pessoas.

Que nos faz descobrir o novo
A deixar do lado o outra vez
E aprender a recomeçar.

É na falta que a gente se supera
É na falta que a gente se encontra.

Quem tem tudo
Tem tanto que não tem mais nada.

Quem tem tudo não busca
Não sonha.
Não se realiza.

É pelo sonho que a gente luta
É na falta da ausência que a gente se fortalece

E a falta que nos mantém vivo
Nos faz quem somos...

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Recomece

Recomece...

E mesmo quando faltar forças
Recomece na fraqueza.

E mesmo quando não houver mais caminho
Recomece sem saber pra onde ir.

E mesmo quando faltar vontade
Recomece sem querer recomeçar.

E mesmo quando estiver escuro
Recomece ascendendo as velas.

E mesmo quando perder tudo
Recomece do nada.

E mesmo quando o motor parar
Recomece remando.

E mesmo quando se decepcionar
Recomece acreditando de novo.

E mesmo quando receber um não
Recomece acreditando no talvez.

E mesmo quando a música parar
Recomece assobiando.

E mesmo quando tudo ficar nublado
Recomece com um guarda-chuva.

E mesmo quando não der pra correr
Recomece engatinhando.

E mesmo quando não tiver palavras
Recomece em silêncio.

E mesmo quando todos se forem
Recomece sozinho.

E mesmo quando não tiver motivos.
Recomece sendo sua própria motivação

E mesmo quando não souber o que fazer
Recomece nem que seja ensando em recomeçar...

Porque quando achar que não der mais pra recomeçar
Ache o jeito
E recomece ainda que devagar...

O importante não é a velocidade das coisas
Mas sim

A sensação que dá o movimento do recomeço...

Expectativa

Nada na espera de algum acontecimento
É tão marcante
Gera tanta dor e apreensão
Quanto a expectativa.

E por mais que a gente evite
Não pense
Tente gerar
Ou até mesmo criar tantas outras coisas
(Cachorro, gato, galinha)
Estamos sempre preocupados
Ou ocupados com ela.

Seja para não sentir quando ela vier
Seja para realizar quando ela chegar.

O ser humano é um ser otimista por natureza
Está na genética
Ele tem fé
Ele acredita
Ele tem uma força vital que faz evoluir
Que faz andar pra sempre
Se levantar
E acreditar ainda que ele não assuma.
Que ele diga o sim
Ainda que se blasfeme de não.

Talvez por isso
Ainda que um lado nosso faça aquela cara de descaso
Aquele sorriso de canto de boca
Mesmo sem esperar
(ou sem assumir)
A gente sempre está esperando alguma coisa:

Uma mensagem
Uma volta
Um convite
Uma declaração
Uma surpresa do destino
Do acaso
Ou qualquer uma dessas coisas
Simples
Mas ao mesmo tempo tão relevantes
Que no meio de tanta coisa mais ou menos
Faça a vida valer a pena.

E aí que entra o medo da expectativa.
Temos medo da frustração
De se magoar
De se enganar.

O medo do não
E da sensação de finito.

Temos medo do negativa.

Do não ser como esperamos
Do não ser como queremos
Do não ser...

Temos medo do tempo
De durar pouco
De acabar logo
De se magoar
De não ser recíproco
Medo de um dia ter um fim...

Temos medo de tudo
De não tentar
De arriscar
De recomeçar
De dar mais uma chance.

Medo de ser...

Mas ser é tudo que temos e somos!!

E aí
Quando percebemos e aceitamos
Que a vida tem seus próprios planos.
Que tudo realmente acontece como
E quando tem que acontecer.
Que tudo é interligado
Parte de um molde.
De um processo que nos forma quem somos

Nos transforma em quem temos que ser.

É preciso entender e aceitar que:

Nem tudo precisa ser eterno.
Relacionamentos não precisam durar pra sempre.

O segredo é entender que cada pessoa aparece em um momento
Vive um ciclo
É testemunha da vida em algum acontecimento
Cumpre seu ciclo
Nos deixa uma lição.
Fica
E se vai. 
Deixando e levando o seu melhor.

Nossas vidas são feitas de trocas.
Ninguém vai ficar pra sempre.

Teremos companheiros
Mas morreremos sozinhos.

Teremos conversas
Mas encararemos silêncios.

Teremos ajuda
Mas a paz está em nós.

A expectativa existe no medo da falha
No peso do infinito
Nas possibilidades e probabilidades do não ser.

Mas não precisa existir medo ou receio
As coisas e pessoas duram o tempo que tem que durar.
Chegam e se vão quando tem que ser.

Expectativa é só coisa da cabeça
Ela não define nada.
Não tem peso sobre o futuro.

O que está em jogo é o não fazer

Erro mesmo é deixar de acreditar


Expectativa mesmo
É a de não viver...

Meninos e Meninas (E a Parte de Um Todo Que Eu Tinha Pra Te Dizer)

...E você eu guardei com todo carinho...

E até achei mesmo que você fosse voltar
Como quem voltasse de uma viagem longa.

Falando-me um monte de coisas que qualquer um que gosta
Sonha em ouvir.

Como que sentiu saudade
Que se arrependeu de tudo que fez e disse.
Que não se imagina sem estar comigo.
E que eu era sim o homem da sua vida.

Ou talvez nem tivesse coragem de me falar tudo isso.
Apenas apareceria do nada
Com alguma desculpa trivial:
Que sonhou comigo
Que se lembrou de mim porque comeu pipoca com amendoim
Ou ouviu Legião Urbana.

E daí eu ia ficar um tempo te olhando
Ou quem sabe para sua mensagem.
Apenas olhando
Sem dizer nada...

Até ter coragem de te contar tudo que estava engasgado dentro de mim:

Que você me doía demais. 
Que eu não não estava conseguindo seguir de boa.
Que você é a primeira coisa que me vinha a cabeça quando abria os olhos.
Que eu pensei em você todos os dias.
Que eu me lembrava de você em tudo que ouvia.
Que tinha um pavor de passar na frente da sua casa
E que em meu silêncio existia muito mais medo
Do que descaso...

Por algum tempo eu até achei que te encontraria.

Na rua
Na academia
Em algum supermercado comprando tapioca.

No meio de alguma festa
Em uma esquina
Ou no meu clichê favorito do banco de praça.

Precisava te ver
Só pra te dizer aquele monte de coisas
Pra te dar um abraço igual ao do primeiro dia
Te olhar nos olhos como no primeiro dia
E rezar profundamente 
Só para ver se o tempo voltava
Nem que por alguns minutos
Para aquele primeiro dia.               

Mas aí o tempo foi passando
Entristecendo.
As coisas continuaram a acontecer mesmo sem você.
As pessoas foram chegando sem você conhecer.
Minha rotina já não tinha você no final.

Passei a contar os dias que você foi pela cartela de antidepressivos.
E a data dá sua ida foi ficando cada vez mais longa
Que foi até fazendo aniversário
Mas sem direito a sorriso
Bolo
Ou parabéns.

Nossas fotos foram se perdendo
Ficando cada vez mais distantes no álbum do celular.
Assim como nossa rotina
Os acontecimentos de cada vida.
E nós...

E assim
Quando a ficha então caiu
E de tudo em tudo que eu já quis viver
Dizer
Ou ouvir
Agora era apenas a verdade.

Enfim a verdade que eu queria
E enfim precisava para fechar o ciclo.

Precisava dessa conversa.
Precisava entender o que aconteceu
O que eu vivi
O que vivemos.
O que tivemos.

Precisava saber do que te chamaria
O que eu sentia
Como te guardaria
Para conseguir ir 
E te deixar ir em paz...

Mas aí mais uma vez o tempo 
Esfregando esse silêncio na minha cara
Como quem dissesse "acorda!".
Só confirmaram que eu não precisava de um fechamento
Não precisava escrever sobre você pra fechar o ciclo.

Porque o ciclo sempre esteve fechado.

Fechou no dia que nos dissemos quase tudo.
Fechou no dia em que te encontrei como quem ia para um abatedouro.
Fechou no dia que coloquei a roupa que você mais gostava
Só pra te ouvir dizendo que não gostava mais de mim.
Fechou no dia em que enfim percebi que:

Eu não era pra você
Você não era pra mim.

E apesar das lágrimas
Esse tal ciclo que eu queria tanto fechar
Já estava mais que fechado
Enterrado
E esquecido.

Provavelmente nem existiu
Como qualquer lembrança sua na minha casa.

E assim:

Da fantasia eterna da parceria do "nós"
Eu vivi mesmo
Foi tudo sozinho.

Foi covardia despertar tanta coisa 
Se você não pretendia ficar.

Ninguém é obrigado a gostar de ninguém
Mas a verdade que eu tanto te pedi
Nunca custou nada.


Eu apenas precisava de um fim para o meu recomeço...


Obs: Juro que tentei te guardar com todo carinho

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Nem Todo Carnaval Tem Fim

E quem poderia dizer
Que eu te acharia logo assim
No momento em que eu menos procurava.

Como se os clichês estivessem certos
E era só eu não esperar
Ou não estar nem aí para te encontrar;
Para então você aparecer.

E assim
Quem poderia imaginar
Que no meio tanta gente
Entre tantas probabilidades
Possibilidades
De encontros e desencontros
Cordões
Colares
E máscaras de uma fantasia qualquer
Eu te acharia
E mudaria minha vida inteira.

Quem poderia imaginar que entre tantas alegorias
Nos veríamos realmente como somos.
Com tanto barulho
Nos apaixonaríamos pela conversa.
Com tanta casualidade
Falaríamos por horas.
E entre tanto abandono e descaso
Nos daríamos aos mãos.

A grande verdade é que vi em você algo que nunca tinha visto
Um brilho
Uuma purpurina nova
Daquelas que jamais sai
Que entranha
Com gosto de amor
E sabor de futuro.

Era como se um novo mundo se abrisse
Não conseguia mais ser o mesmo.
Mal o bloco virava esquina
E eu já sentia saudade dos melhores 5 minutos da minha vida.

Talvez até isso já estivesse escrito
Há tempos antes de nós.
Talvez tenha sido golpe do acaso
Aquele de 1 em 1 milhão.
Talvez já até tenhamos nos fantasiados
Em outras vidas
Quando nós dois éramos gatos.
Talvez fosse apenas parte de uma lição
De algo maior para os dois.

Mas independente de qualquer coisa
Ainda que esse carnaval precisasse até ter mesmo um fim
Sei que a minha fantasia com você


Vai durar pra sempre...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Existencialismo Na Era do Machismo

A grande verdade é que apesar de toda confusão existente em nossas vidas
Somos os únicos responsáveis por nossa existência.
Essa afirmação pode soar como autossuficiente e assustadora
Porém
Mesmo com todas as questões sobre destino
Acaso
Natureza
E sincronicidade
É inegável que apesar de todas as condições pré-estabelecidas em que nascemos
Somos os principais responsáveis pelo caminho que seguimos.

Somos seres com autocritica elevada
Nos cobramos muito
E Talvez por isso às vezes realmente é bem difícil de aceitar
E reconhecer que alguma decisão
Ainda que minimamente
Tenha sido tomada de maneira errônea.
Culpamos tudo
A sorte
A vida 
E o destino
Nos esquecendo que ninguém
Pode ser o responsável pelo rumo que tomou as nossas vidas.

Ainda que tenhamos sido influenciados por alguém
Ainda que seguimos um outro por uma estrada
Ou pegamos carona na inconstância de outra vida.
Desde o momento que uma decisão foi tomada
Aquele caminho passou a ser completamente responsabilidade nossa.

Realmente é antagônico
Queremos viver uma vida de liberdade
Mas liberdade demais assusta
Apavora.
Toda escolha gera angustia
Medo.
Porque em um mundo com tantas portas escancaradas como o que se tem hoje
Sabemos que ao escolhermos um caminho
Deixamos para trás mais uma infinidade de possibilidades e probabilidade de outros
Que nunca saberemos como seria.
O grande espiral injusto do “Se...”

E no final das contas
É apenas isso que realmente somos:
O conjunto dessas questões
Dessas escolhas
Das frustrações
Arrependimentos
Tombos
Tropeços
Cicatrizes
aprendizados
E caminhos que tomamos por nossa culpa
E de mais ninguém.

Se não fizemos
Não vivemos
Se não vivemos
Não somos
A equação chega a ser complexa de tão simples.
Talvez por isso chega até ser um absurdo
Que alguma pessoa se ache superior a outra por fatores externos.

Ninguém pode impor o direito ou dever de ninguém.
Ninguém pode achar que está acima do que o outro pode fazer.
Nosso sexo não define o que podemos ou não fazer
Ninguém se sobrepõe a ninguém.
Somos seres iguais
Com as mesmas chances
Direitos
E deveres.
O que nos faz diferentes são nossas escolhas.
Nosso futuro está em nossas mãos.

Somos o que somos
Vivemos o que temos pra viver
Somos frutos de nossos sonhos
Nossos próprios julgamentos
Nossa prisão interna
Nesse cárcere que nos aprisionamos por medo
No qual a única condenação
Da pena que recebemos
(Mas nem sempre cumprimos)
É ser livre
Pra correr contra essa insatisfação crônica
Que é tentar ser feliz

Sem querer sorrir...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

O Desaparecimento de Eleanor Rigby

E do amor?
O que é que fica?

O saber praticamente tudo sobre alguém
Ou achar que nem se conhecem?

O orgulho de tudo que já foi realizado
Ou o pesar do que não aconteceu?

A lembrança da comida favorita
Ou a cadeira vazia na mesa?

“Foi eterno enquanto durou”
Ou o silêncio dizendo que não foi nada?

O orgulho de ter vivido algo fantástico
Ou o desespero de não ser nunca mais?

A vontade de contar tanta coisa
Ou a trivialidade da próxima conversa?

O sorriso da lembrança
Ou a dor do que não consegue ser esquecido?

A emoção de terem sido dois
Ou a solidão de ter que voltar a ser sozinho?