domingo, 30 de setembro de 2018

Amargo

Sorte a sua que sempre teve o papel da escolha
A opção
E o poder de ser doce
E assim nunca saberá o gosto azedo que sente o outro lado:

Naquilo que mesmo participando
Não tem poder de escolha.

Que mesmo quando passa os limites
Não consegue ser além.

Que diz muito
Mas não consegue fazer sentido.

Que mesmo vivo
Faz questão de continuar morto.

E que ainda que tenha tudo pra ser açucarado
(Nem que fosse por um só dia)
Sabe-se lá porquê
Prefere continuar amargo...

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Filno de Mil Homens

E o mais simples em toda essa complicação
Foi que eu somente fui...

Sem fogos
Fotos
Grandes despedidas
Ou declarações.

Fui meio que indo
Seguindo...
Como quem sai para comprar o cigarro
Encontra uns amigos
Ou uma nova versão de si
E nunca mais volta.

Fui sem alarde
Sem nenhum abraço mais forte
Nem beijo desesperado.

Fui sem encerramento
Nem festas
Ou adeus mais prolongado.

Fui em ritmo de até logo.
Como se fosse voltar no dia seguinte
No final de semana
Ou no próximo feriado.

Fui em silêncio
Pagando meu pedágio com sono.
Sentindo o gosto azedo do choro quando engolido
Mas ainda assim indo...
Sem contar pra ninguém.

Fui sem falar nada
Porque não sabia explicar.

Nem eu mesmo sabia dizer pra onde ia
Ou o que encontraria.
Com um receio tamanho de por não saber o que procurava
Quando encontrasse
Certamente não saberia reconhecer.

E foi assim que eu fui.

Sem saber porquê
Me questionando
Me colocando em duas malas
E simplesmente indo...

Morrendo de medo
Sem olhar pra trás
Disfarçado e disfarçando
Que ir desse jeito
(Ainda que doloroso)

Não era efetivamente ir
E muito menos 
Nada demais...