terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Aprendi que

Como um apanhado geral do ano, já que ficarei ausente até 2011, resolvi não contar em uma espécie de diário mas sim talvez lições que nesse ano bem incomum que talvez tenha sido um marco, um divisor de águas muitas vezes cruel da minha vida. Acho que meu retorno de Saturno veio uns 2, 3 anos antecipado... Mas foi legal
Não cronologicamente falando, nesse ano eu aprendi que:
Amigos são amigos e colegas são colegas
Que existem tantas pessoas interessantes no mundo
Que de um dia pro outro tudo muda e também muda tudo de volta
Que a expectativa é realmente proporcional a decepção
Que segurança demais não faz bem a ninguém
Que todos ao seu redor percebem sua insegurança
Que o amor é uma Via de Mão Dupla
Que existe tanta gente que você não conhece que chega a ser até estranho você amar alguém não vendo todas as possibilidades
Que só as duas primeiras semanas da dieta são horríveis
Que sair e não beber é um porre
Que o dinheiro não compra o verdadeiro perdão
Que o homem só ama o ciúme
Que Puta Paulista odeia carioca porque eles querem comer de graça (me contaram)
Que não dá pra fazer nada sozinho quando se tratam de dois
Que a tristeza por maior que seja de um dia pro outro desaparece
Que a saudade não é coisa que dá e passa
Que tudo que extremo é uma merda e tudo que exagerado pro bom, uma hora também será pro ruim
Que daquele lugar que você menos espera é que realmente não sai nada
Que nem dá pra você espera que alguém aja com você do mesmo jeito que agiu com ela
Do mesmo jeito que um dia agirá errado com alguém que agiu correto com você
Que ser alérgico é uma merda
Que arrancar os 4 sisos de uma vez não é assim tão traumático
Que comemorar aniversário em uma casa de Swing pode ser engraçado
Que dependendo do que acontece o show de sua banda favorita pode ser uma merda
Que o choro foi feito pra gente não explodir
Que amigos são amigos até entrar mulher e dinheiro no meio
Que fazer planos em longo prazo é necessário, mas não garantia de sucesso
Que tirar a camisa a -15 graus não é algo legal
Que um palco pode ser um ambiente muito agradável quando se está bêbado
Que a família sempre será o que você tem de melhor
Que tudo é de graça pode ser duvidoso
Que por pior que você seja sempre vai aparecer alguém legal
Que fica difícil alguém gostar de você se nem você gosta
Que fica difícil também você gostar de alguém, se nem gosta de você
Que existem coisas que não precisam ser ditas
Que a distância de quem se gosta é necessária
Que essa vida de festas é uma doce ilusão
Que a Vodka pune
Que seja o que for “a vida tem dessas coisas”
Que algumas coisas estão realmente escritas
Que falar demais sem pensar pode ter conseqüências desastrosas
Que beber Absinto com Vodka no mesmo dia é foda
Que correr faz você se sentir bem
Que malhar é ruim, mas ajuda pra tanta coisa
Que te tratarão diferente dependendo com quem você esteja
Que a gente só fica sozinho se quiser
Que quem não é visto não é lembrado
Que ninguém engana a gente, a gente que se deixa enganar
Que nem todo mundo gosta de ser agarrada dentro de um carro
Que independente da vitória ou derrota em uma copa a festa sempre será boa
Que a pessoa ser especial ou não, nada tem a ver com o tempo
Que surfar é difícil
Que o Rio é o melhor lugar do mundo pra se morar
Que sacrifícios no final podem ser prazerosos
Que dinheiro não é papel
Que desabafar é bom
Que nunca é tarde para se começar ou recomeçar algo
Que não é na primeira topada que eu tenho que desistir
Que quando se emagrece normalmente perdem-se roupas
Que tirar férias em janeiro até pode ser interessante
Que ninguém pode ditar o nosso valor
Que a vida é muito longa pra gente falar que algo é definitivo
Que só eu sendo eu mesmo realmente vou saber quem gosta de mim
Que a vida dá voltas
Que o truque do calendário é fenomenal
Que mesmo no fundo do posso a gente pode ter esperança
Que a tristeza mesmo não parecendo é coisa da nossa cabeça
E que haja o que houver a sensação de que o melhor ainda está por vir, sempre vai existir

Feliz 2011 com novos ensinamentos para todos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Primos...

Tudo resolvido
Exato como a conta egoísta de dividir
Sem resto
Sem zero que sobra
Sem vírgula
Parece que alguns números nasceram mesmo pra serem dividos
Tipo o quatro
Ou o dois...
Normalmente os defeitos dos números
Sobrepõe sobre a qualidade deles
Que mundo imperfeito este, não?
Onde os números primos
São solitários
São sempre deixados de lado
Tão frágeis
Tão figurantes da existência
Por se se dividirem
Por eles mesmo
E quando sobram, sobra o Um...
Mas o um não é melhor que nada?
E ainda tem essa cobrança
E a parte boa dos números?
Vai para onde?
E imagina eu
Que não sou número
Não me divido
Nem sozinho
Nem por mim
Nem por ninguém
E só escrevo
Às vezes o que é
Às vezes como foi
Não faço conta
Mas só escrevo
O que vivo
O que queria viver
Ou o que nunca foi
E às vezes até faço diferente
Do que faria
Do que fazia
Nunca sou exato
Sempre tem zero que sobra
Virgulas e coisas soltas
Como os ditados
Que agora são feitos para serem aprendidos
Não só falados
Essa coisa de:
"Faça o que eu digo, não faça o que faço”
Não tá com nada
Somos exemplos de nossos atos
E é disso que o mundo precisa
Para o que for feito ser deixado aí
A vida é em si é um trampolim pro final
Enquanto isso eu vou aproveitando
E aprendendo com os números
Que eu não preciso ser dividido
E nem de fita do senhor do Bonfim
Pra ser feliz

sábado, 25 de dezembro de 2010

A Volta do Cão Arrependido

Pisando em ovos
Passo a passo
Tentando o melhor
É meu destino

E por mais que provo
Tudo que faço
Parece menor
Eterno menino...

Não existe coisa eterna
Mas queria ter paz
Dormir e acordar
Sem ter o que incomoda

Ou sem essa inconstância que alterna
De que o sim é menor que o nunca mais
Logo agora que voltei a andar
Ainda tenho que ser dependente da cadeira de rodas?

Pegou mal não ter atendido
Pegou mal eu ficar falando sozinho
Um detalhe tem tanto peso?
Como um maldito pacto com o diabo

E por mais que não tenha recebido
E eu estivesse no caminho
Fiquei meio surpreso
Por não ter respondido meu recado

E volta a eterna frustração
De querer voltar atrás nos detalhe
Que eu nem sei se fiz
Mas tudo muda

Como é ruim viver nessa condição
De que cada palavra que se fale
Cada momento que se quis
Seja mais um que se iluda

E os livros que li?
A música que gosto?
A comida que deixo no prato?
A qualidade que procuro?

E os filmes que vi?
As situações que aposto?
O apelido de chato?
As coisas que aturo?

Como isso fica perdido
No meio de atitudes
Que valem de nada
Mas parecem definir pra você "o que é a sintonia"

É volta "O Cão Arrependido"
A velha virtude
Que não percebe que nem só a risada
É fundamental pra alegria

O problema é que nem sempre se acredita
Que as coisas realmente podem ser
E os defeitos só não existiam em tudo que é meu
Porque você não encontrava


E por mais que eu não admita
Talvez só naquele amanhecer
Você percebeu
Que eu sou apenas humano, e não o príncipe que você procurava...

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Orgulho do Leite Derramado

Se eu fosse o Síndico
Eu proibia a entrada dele no prédio sem determinar o prazo
Se eu fosse Paparazzi
Espalharia no jornal que estava tendo um caso
Se eu fosse Policial
Prenderia ele bem no dia do seu aniversário
Se eu fosse o Patrão
Deixaria ele Três meses sem salário
Se eu fosse Padre
Faltaria no dia do casamento
Se eu fosse o Obstetra
Só Deus sabe o quando seria o nascimento
Se eu fosse mecânico
O carro dele ia viver quebrado
Se eu fosse Salva Vidas
Deixaria ele morrer afogado
Se eu fosse músico
Faria uma música dizendo o quanto ele é te maltrata
Se eu fosse revolucionário
Organizaria contra ele uma passeata
Se eu trabalhasse no shopping
Indicaria o pior presente pra você
Se eu fosse Oftalmologista
Nem você ele ia mais ver
Se eu fosse amigo dele
Falava para ele te dar um “balão”
Se eu fosse teu amigo
Te contaria tudo te explicando a "situação"
Se eu fosse Dentista
Arrancaria todos os dentes
Se eu fosse Psiquiatra
Bagunçaria sua mente
Se eu fosse Deus
Todo dia que ele fosse pra praia seria sem sol
Se eu fosse cuidasse de cadáveres
O dele seria o único sem formol
Agora se eu fosse você
Largava esse Mané e me ligava
E se eu fosse ele
Te seguraria e nunca mais soltava...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Alegria Que Vem...

A alegria vem
Em forma de som
Em forma de bem
Em forma de dom

A alegria vem
Vestida de azul
E de branco também
Pra passar o ano no Sul

A alegria vem
Em forma de mensagem
Em forma de “certo alguém”
Em forma de paisagem

A alegria vem
Em forma de sono
Em forma de vaivém
Em forma de tudo que como

A alegria vem
Em forma de vodka misturada com suco
Em forma de todo “porém”
Na forma da voz que escuto

A alegria vem
Em forma de nome composto
Em forma de amém
Em forma do mesmo gosto

A alegria vem
Em forma de risada
Em forma do "tudo bem"
Porque ela "tá" atrasada

A alegria vem
Em forma de kit
Em forma de “harém”
Em forma de tudo que existe


A alegria vem
E eu que sempre fui triste, sem perceber virei refém
Da alegria que vem
Da alegria que vem...

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Universo Conspira

O Universo universalmente conspira
Contra o Soldado que aspira
O alérgico que espirra
O gordo que transpira
O fumante que respira
O apaixonado que suspira
O enfermo que delira
A roleta do jogo que gira
O Policial que atira
O louco que pira
O dono do Zafira
O apelido de Curupira

O universo particularmente conspira
Dando o parente Caipira
O amigo que é Traíra
A garota que se Mira
A noite de insônia que a cama Revira
O desprezo de quem se admira
O Chefe que diz “se vira”
O desgraçado que pega a mentira

O universo e a lição que se tira
É que independente se o mundo gira
O universo
Sempre conspira...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Carrega-dor

Desculpe te ligar essa hora
Sei que é tarde
Quase cedo
Mas teu vigia ta com medo
Ta desconfiado
Com o meu olhar desesperado
Dentro de um carro preto
Ainda aquele
Manda esse cara aí do seu lado
Voltar a dormir e ficar calado
Que o assunto nem é com ele
Desculpa minha voz meio embolada
Sei que é normal, mas hoje ta demais
Tava na noitada
Tava chorando
Andei pensando
Bebendo um pouco mais
Que eu lembro
Dirigi bêbado também
Ah, é dezembro
E nem passei de cem
Eu sei que não devia
Mas ouvi nossa música
Não deu pra segurar
Eu vir pra te contar
A lei seca tentou me parar
Mas quando contei meu caso
Eu fui liberado
E só não fui escoltado
Porque eu tava com pressa
Mas antes fiz a promessa
Que eu devia te contar
Um bando dessas coisas que “eu já”
Mas você não sabe
Ou pelo menos não sabia
Eles me obrigaram a te falar
O velho nada com nada
Que a gente dizia
A vitória do concurso de lambada
O celular de dentro de privada
Ou o dia que fui ao Maraca torcer pro América
É... Nunca soube muito bem o que era ter Ética
Mas você me mudou
E agora me deixou
Quase vazio como essa garrafa
Que praticamente matei de em golada golada
Mas acho que era falsificada
Porque minha cabeça ta doendo
Esse barman anda me fudendo
Mas falando a verdade
Sei que ta tarde
Os vizinhos que saem cedo então me vendo
Eu tava inventando
Minha bateria ta acabando
Não teve música
Não teve nada
Para com essa risada
Deixa-me eu falar
Ir embora
E não mais voltar
Pra esse personagem
Meio triste, meio mole
Vou tomar mais um gole
Pra ganhar coragem
E finalmente realizar
Aquela promessa antiga
Que você inventaria
De um dia a gente voltar
Então vai lá
Pausa pra respirar

Quer Ca
Quer Ca
Quer casar...?
Não desliga
Não desliga
Não desliga...
.....................
Maldita bateria!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vende-se um Coração

Vende-se um coração
Em bom estado
Apesar de já ser usado
Pelo menos fisicamente falando
Ele tá bem
Ta respirando
Vende-se um coração
De segunda mão, terceira, quarta o que for
Com muita gente que já
O maltratou
Enganou
Esmagou
Usou
Mas ele é forte
E do jeito dele
Mesmo com falta de sorte
Quase sempre se recupera
E o melhor espera
Vende-se um coração
Mutável
Às vezes sensível
Incansável
Às vezes inatingível
De manteiga
Que se emociona com uma música
Um mendigo pedindo dinheiro
Já em outras
Acha besteira
E frio como uma rocha
Inabalável com o desespero
Pensa nele primeiro.
Vende-se um coração
Meio burro
Mesmo quando pensa em sonhos
Coitado
Que bisonho
Pensa que a dona vai voltar
Acha que ela vem se desculpar
Pensa que ela vai aparecer
Pensa que vai voltar pra te ver
É meio inocente
Com esse sonho permanente
Vende-se um coração
Bem grande
Cheio de
Tristeza
Incerteza
Culpas
Desculpas
Arrependimentos
Momentos
Lembranças
Maldades
E saudades
Cabe tudo que quiser
Cabe o que você trouxer
Vende-se um coração
Esperançoso
Que sempre acredita
Que vai ficar tudo bem
Só quer acreditar
Que a alegria vem
Um dia do nada
De uma vez pra ficar
Vende-se um coração
Que sente dor
Muita dor
Que ele queria transpor
Dividir
Dar
Doar
Se livrar
Sei lá...
Vende-se um coração
Que não agüenta mais ser solitário
Preferia ser guardado em um armário
Ao invés de implorar pra ser de alguém
Ao invés de chorar a noite por não ter ninguém
Quer apenas que toda essa tristeza passasse
E no fundo só queria que você voltasse...
Mas enquanto isso...
Vende-se um coração
Vende-se um coração

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Do Contrário

(Dudu Mendonça/Rafael Thomé)

Queria que sábado e domingo fosse dia de semana
E segunda a sexta o final
Queria que nascer velho
E morrer criança fosse o normal
Queria que meus pais fossem mais jovens
E nunca se fossem antes de mim
Que todos os nãos que eu recebesse
Soassem como um belo sim
Queria que cada aniversário que eu fizesse
Deixasse-me mais novo
Queria chocolate emagrecesse
E que comer salada deixasse gordo
Queria que sexo com camisinha
Transmitisse doença
E o sem camisinha
Fizesse bem à beça
Queria que o sistema público
Fosse melhor que o particular
Queria que ser morador de rua
Significasse ter um lar
Queria que álcool fosse essencial
Para a sobrevivência da vida
E refrigerante fosse igual água
Obrigatório tomar todo dia
Queria que frustração
Seria ter exatamente o que quis
Mas trocaria tudo pra saber o quanto eu sofreria
Antes de te fazer o que fiz...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Lição

Escolha seus amigos pelo o que eles são não pelo o que tem
De prioridade ao amor pelo o que é, nada além
Permita-se ser e deixa que o outro seja
Não limita-se em fazer algo com medo de que a “turma” o veja
Goste, ame aquele que por algum motivo quer gostar
Não procure motivos em terceiros para se podar
Você não compra pessoas como roupas, carros e festas
E se te alguém que você compre, com certeza essa pessoa não presta
Olhe todos iguais, independente do endereço que mora
Fique com o amor que realmente espera, mesmo que esse ainda demora
Largue os preconceitos, enxergue o valor de cada um
Tenha amigos distintos, não se incomode com aquela amizade incomum
Lembre-se sempre que todo mundo tem o seu valor
Carregue no peito o passado, ele será seu guia onde quer que for
Não se ache melhor que ninguém, mesmo que certas atitudes te façam mudar de opinião
Seja apenas você mais nada, e guarde essa lição:
Os valores que hoje fazem você se achar superior a alguém
São os mesmo que na frente farão se sentir inferior também...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Parce Que C'etait Moi, Parce Que C'etait Pour Toi

Uma vez você cantou que eu te dava sorte
E eu falei pra todo mundo que você me fazia forte

Como pode você ter azar e me deixar sem força?
Será mesmo que nosso amor merecia viver entre as moscas?

Eu preferiria ter a vida de um comercial de televisão
Em que os 30 segundos nem dão tempo pra frustração

E ainda por cima, nesse tempo tudo funciona como o programado
Se eu tivesse esse dom, com certeza ainda estaria ao seu lado

Sem me contentar só com os sonhos pra podermos dialogar
Como parecia um tempo distante aquele que podia te ligar

Ou te ver, aparecer sem avisar, chegar sem ser convidado
Se fizer isso hoje, o porteiro que me conhecia, diria que estou no prédio errado

E não daria nem pra interfonar, se é que me compreende
Vai que eu ligo, e uma nova versão minha atende.

Dizendo que agora você é dele, que seria melhor eu desaparecer
Que otário, mal sabe ele quantas vezes você me disse que amaria até morrer

Eu tô vivo! Por isso no fundo eu acredito, que esse será pra sempre o nosso drama
Só porque a gente não se vê não que dizer que não se ama

Mas é duro, é estranho, é doloroso não estar com quem se gosta
Por mais que eu procure parece que nunca terei resposta

Nem algo que justifique o porque que hoje em dia a gente nem se fala “oi”
Talvez a única coisa que me fez ficar mais conformado com a vida foi

Achar a explicação mais simples que me ajude a esse caos todo entender
A gente só viveu isso tudo por um motivo:
Porque era eu,
Porque era você...

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Deixa Pra Próxima...

É foda puxar assunto
Com quem não ta afim
Normalmente monossilábicas
Resumem-se em ”não ou sim”

Tento falar do sol
Ou do tempo
Invento temas absurdos
Como: A Evolução da Velocidade do Vento

Penso em piadas diárias
Pra criar um diferencial
Mas nem acha graça
Parece não ter expressão facial

Exercito minha Disgrafia
Com textos intermináveis pra você
E acaba tão rápido
Que acho que no fundo nem lê

Escrevo uma página de assunto
Pra talvez chamar atenção
Você se resume a uma linha de resposta
E aposto que só por educação

Chamo-te pra noite
Você prefere o dia
Convido pra praia
“Estou naqueles dias”

Chamo para um almoço
Em minha churrascaria predileta
Você não se anima muito
“Ah... Estou de dieta”

Te convido pra tomar um Chopp
Agora através de um torpedo
Você demora a responder
Mas diz que amanhã acorda cedo

Mas tem horas que você parece que vai
E eu precipitadamente festejo
Mas sempre tem reunião na casa de uma amiga
"Faz tempos que não a vejo"

Falo do cinema
E de um filme que saiu
Você cita um amigo camelô
E que logo esse filme já viu

Então chamo pra outro
Você diz que tem um show
Eu sou intrometido
Falo que nesse também vou

Me deixa sem resposta
Do MSN você se desliga
Eu vou e falo de novo
“Sabe o que é... É que vou com amigas”

Quando ligo não atende
"O telefone nunca fica comigo"
Mas se ligo de outro número é sempre de primeira
Tudo bem, eu finjo que acredito

Pergunto do fim de semana
Você me fala “o que tem”
diz que vai viajar
e eu: "Que coincidência eu também"

Novamente fico sem resposta
Perguntando se dá então pra gente sem encontrar
Educadamente você diz que verá como ficarão as coisas
E “Se der eu passo por lá”

Mas não passa
E nem liga pra dar resposta
E se novamente eu toco no assunto
Você diz o eterno: “Deixa pra próxima...”

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pretensão

Pescar não é Peixaria
Fazer pão não é Padaria
Fazer barba não é Barbearia
Malhar não é academia
Estar junto não é companhia
Sorrir não é ter alegria
Chutar o futuro nem é profecia
Ser sincero não é grosseria
Ser nobre não é burguesia
Briga entre dois não é covardia
Passar trem não é Ferrovia
Sonhar não é fantasia
Vender livros não é livraria
Passar carros não é rodovia
Fazer vidro não é Vidraçaria
Falar do futuro não é profecia
Nem todo namoro é porcaria
Camelô não é pirataria
Vender relógio não é Relojoaria
Destilar não é refinaria
Ser Sultão não é poligamia
Vender pastel não é Pastelaria
Vender papel não é Papelaria
Ser Judeu não é pagar ninharia
Nem toda mulher tem a mão macia
Nem todo amor guarda fotografia
Nem toda a criança brinca com gritaria
Nem todo Baiano curte Folia
Fazer camisa não é Estamparia
Ter alguns doentes não é epidemia
Dar algo de graça não é cortesia
Fazer cerveja não é Cervejaria
Ser Bruxa não é Bruxaria
Nem toda canção bonita arrepia
Nem todo Bêbado que chega em casa assobia
Nem todo fresco tem alergia
Nem todo homem gosta de Orgia
Nem todo amigo a gente confia
Fazer essa merda não é poesia

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dezembro Vem

Dezembro vem
E com ele enfim
Tudo do ano que não foi
Tudo que ficou pra depois
“Deixa pro ano que vem”

Dezembro vem
E com ele uma espécie de fim
De um novo ano sem um "oi"
Da frustração que a vida impôs
De terminar o ano sem ninguém

Dezembro vem
E o desespero também
Com a sensação que poderia ter sido
Do todo o engasgado que não foi dito
E tudo que se ouviu quieto

Dezembro vem
E a correria a mais de cem
Pra justificar o que foi cometido
Provar pra todo que eu acredito
Que meu destino ainda está incompleto

Dezembro vem
Com os planos que não aconteceram
Com as pessoas que não voltaram
O “faltar algo” gritando
Outra festa de fim de ano

Dezembro vem
Com as idéias que não amadureceram
Com as lagrimas que não secaram
Mas estão silenciando
Como a previsão ruim de algum cigano

Mas dezembro veio
Rápido como o vento
Com um arrependimento que afunda
O peito cheio de culpa
Que faz a gente refém

Mas dezembro veio
Mesmo com o clima meio cinzento
Os dias sendo uma eterna segunda
A vida sabe que não desisto nunca
Ah dezembro vem...
Ah dezembro...
Vem...