Às vezes no
clichê hiperbólico do silêncio com o escuro
Sigo uma versão minha que passou.
Vou para
locais que já estive.
Vejo pessoas
que já não me veem.
Vivo momentos
que já foram.
E mergulho fundo e orgulhoso no construção mais bela que já fiz:
O meu
passado.
Recanto músicas.
Refaço
atitudes.
Refalo frases
Revivo cada
detalhe.
Em vão acredito que posso voltar no tempo
Para conspirar outros rumos
Entre outras possibilidades
De uma nova história.
E adivinhar
como teria sido a vida.
Se não
tivesse acontecido exatamente tudo do jeito que tinha que ser.
Respiro o
ar melancólico e rarefeito do que já passou
E acordo
sufocado pela realidade do presente
Que não sei ao certo se pelo medo de ser
Ou deixar de ser
Não gosto do que vejo.
Não gosto do que vejo.
Não
permito virar futuro.
De longe
Enxergo-me
Tranco-me
Aprisiono-me
Acorrento-me
E prendo-me
de corpo inteiro
Enraizado e apaixonado
Por uma versão idealizada
Por uma versão idealizada
Que provavelmente jamais existiu.
Sem perceber que é impossível sofrer que já mais não sou
O que
provavelmente nunca fui.