terça-feira, 11 de junho de 2019

About Time

E a noite...
Às vezes no clichê hiperbólico do silêncio com o escuro
Sigo uma versão minha que passou.

Vou para locais que já estive.
Vejo pessoas que já não me veem.
Vivo momentos que já foram.
E mergulho fundo e orgulhoso no construção mais bela que já fiz:
O meu passado.

Recanto músicas.
Refaço atitudes.
Refalo frases
Revivo cada detalhe.

Em vão acredito que posso voltar no tempo
Para conspirar outros rumos
Entre outras possibilidades
De uma nova história.
E adivinhar como teria sido a vida.
Se não tivesse acontecido exatamente tudo do jeito que tinha que ser.

Respiro o ar melancólico e rarefeito do que já passou
E acordo sufocado pela realidade do presente
Que não sei ao certo se pelo medo de ser 
Ou deixar de ser
Não gosto do que vejo.
Não permito virar futuro.

De longe
Enxergo-me 
Tranco-me
Aprisiono-me
Acorrento-me 
E prendo-me de corpo inteiro
Enraizado e apaixonado 
Por uma versão idealizada
Que provavelmente jamais existiu.

Sem perceber que é impossível sofrer que já mais não sou
O que provavelmente nunca fui.

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