quarta-feira, 30 de junho de 2010

Cruzeiro do Sul

Você não vai me seduzir com seu brilho
Não pisque pra mim
Eu vejo que você já cansou de piscar para outros
Mas você tenta mesmo assim...
Em cada lugar que para
Fala com estranhos
Com conhecidos
Fala com todo mundo
Eu sei
Parece uma oferta irresistível
O seu conforto
A sua música
Mas você não vai me seduzir
Eu não vou com você conhecer nada
Eu não vou com você dar uma volta no mundo nuca mais
Prefiro pegar outro ônibus porque você demora demais...

terça-feira, 29 de junho de 2010

Estereótipos

O problema de ser sempre mau
É que todo mundo desconfia
Quando você é bom

O problema de estar sempre “duro”
É que todo mundo olha “meio torto”
Quando você paga algo

O problema de ser sempre calmo
É que todo mundo acha o cúmulo
Quando você fica nervoso

O problema de sempre ser frio
É que todo mundo debocha
Quando você confessa que está apaixonado

O problema de sempre dizer sim
É que ninguém nunca aceita
Quando você diz "Não”

E o grande problema de ser sempre igual
É que todo mundo diz que é um absurdo
Quando você faz algo diferente... Nem que seja só uma vez...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

R.E.M

O dia foi longo e cansativo. Preciso de descanso
Não quero nada demais, só um silêncio, me deixa no canto
Onde fecho os olhos e você me vem no pensamento
Penso, já saio de mim, aquele é o meu momento
Posso ser quem não sou, mas que quero ser
Posso ver quem eu quero, mesmo que não queira me ver
Viajo, relaxo, tenho em você a melhor parte do dia
Lembro-me nesse momento de coisas que já me esquecia
Como é bom pensar em você sem ter ninguém por perto
Como é bom falar com você sem me incomodar se é o certo
Como é bom te dizer tudo aquilo que não tinha coragem de falar
Como é bom fazer tudo que quero sem ao menos me preocupar
Ali você fala, é você, e acaba sendo como eu quero
Tudo ta indo bem, então é o beijo que espero
Faço tudo certo, espero por você e até ali eu me comporto
Mas nesse momento alguém fala alto e eu acordo
Meu Deus, que azar... Cortaram-me na hora do bônus
Por isso que odeio filho da Puta que fala alto dentro do ônibus

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Alice in Wonderland

Vai
Vive no seu mundo de gola pólo
Que eu to bem no meu
De camiseta e bermuda
Calça jeans e tênis velho
Andando de ônibus
E comendo biscoito polvilho no ponto
Vai
Corre pra gente de lugares caros
Carros importados
E muitas viagens
Que eu to bem
Com meus 10 reais
Minha caminhada
Meu galeto no almoço
Visitando meus parantes de Magé
Vai
Come em restaurantes caros
Aquelas comidas que nem sei falar
Que você nem gosta de comer
Que eu to bem
Com minha coxinha de Frango com Catupiry
Meu suco de caju
E um catchup aguado só pra dar uma cor
Vai
Pede aquela pizza cara
Come um pedaço e dá o resto pro porteiro
Que eu to bem
Com a minha massa da padaria
Aquela que compro todo domingo
Que faço com queijo e presunto
E deixo no forno até torrar
Vai
Escuta suas músicas de boate
Aquelas que só têm batidas
Que você nem sabe cantar
Que eu to bem
Ouvindo meu rock
Meu samba
E fazendo a letra mudar um pouco a minha vida
Mas vai
Vai e vive essa sua vida de aparências
Cheia de interesses
De coisas e de gente vazia
Que eu to bem
Muito bem
Vivendo do jeito que sou
Do lado de quem gosta de mim
E tendo uma vida
Que eu realmente posso ter...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Passou

Pra mim já tanto faz o jeito que me trata
Seu joguinho já não me afeta
Pode falar que eu sou grosso
Que eu falo que pra mim você não presta

Não adianta ficar mudando o tom
E querendo falar somente quando quer
Agora estou te provando que não sou tão bobo
E pergunto: "Você que manda aqui é?"

Os assuntos você não pode decidir
Eu também tenho opinião
Se quer agir como controladora
Vai falar sozinha então

Mas hoje percebo que estou liberto
Nem sinto mais a falta que você faz
Percebi que nessas semanas distante
O que mais senti foi muita paz

Pode ficar puta e falar mal de mim
Se já não me acha especial eu também não ligo
Se ta decepcionada o problema é seu
Vai tomar no cu, se não sou teu amigo

Pra mim tanto faz se você não tá bem
Tanto faz se você te decepcionei
Logo eu que nunca fui certo
Vou te dizer no que eu errei

Errei em te deixar decidir
E deixar a situação ficar assim
Errei por te vangloriar
E gostar de você, mais que de mim...
Mas passou

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Copas fora

O sentimento nacionalista tomou conta de todos... Enfim chegou a Copa do Mundo.
Vemos bandeiras, camisas, carros, ruas... Tudo escrito “Brasil” e as cores em verde amarelo estão em moda outra vez. Mulheres pintam as unhas dessa cor, crianças colocam o aparelho dentário dessa cor, enfim o sentimento e o nome Brasil tomam conta da sociedade.
Eu amo Copa do Mundo e também faço parte dessa mobilização, eu também não costumo vestir as cores do meu país tirando esse movimento, mas por quê?
Acho que a questão da Copa do mundo é uma questão de conveniência, de chances e tudo mais, porque sabemos que somos favoritos, sabemos que somos bons e por isso torcemos por aquilo que temos chance. Tanto que nas Olimpíadas não vemos toda essa mobilização, nem em qualquer outra modalidade que não seja o futebol.
Então, eu pergunto... Somos nacionalistas? Não... Não somos. Valorizamos o nosso país? Não, não valorizamos. Não costumamos ver bandeiras e orgulho a pátria que vemos em outros países como Estados Unidos, por exemplo, em que cada lugar que vamos nos deparamos com bandeiras, escritas e amor a história feita e criada por todos.
Eu não crítico a Copa do Mundo nem a nossa mobilização por ela, eu acho sim que tem que haver isso tudo, temos mesmo que parar tudo para assistir aos jogos do Brasil, faz parte da nossa cultura e acho isso tudo válido. Mas por que não somos nacionalistas sempre?
Lembro-me que quando era criança achava um saco ter que cantar o hino nacional todas as segundas feiras na quadra do colégio, porém gostava de preparar os enfeites para a Copa... Por que essa diferença se tudo deveria se tratar de orgulho da nação.
Acho que poderíamos rever essa nossa postura e ter orgulho do país em todos ou movimentos ou assumirmos que o Brasil que se foda e a gente quer é a festa e pronto... Só não dá mais pra continuar em cima do muro. E aí, o que decide?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cachorro morto

Um cachorro morto eu vi
Fui eu que vi ninguém me contou
E o povo começou a ficar doido
Querendo saber quem o atropelou
Foi um corre e corre pra lá e pra cá
Parecia até que tinha artista
Veio o rádio a TV e o jornal
Viram até um editor de revista
Todo mundo indagando
Querendo resolver a situação
Chegou até o movimento estudantil
Fazendo uma manifestação
Com faixas, blusas e caras pintadas
Eles gritavam: “Quem atropelou o cachorro, queremos saber”
Começaram a queimar e tacar pedras nos carros
Dos curiosos que paravam pra ver
O descontrole era grande,
Já tinha uma moça passando mal
Reclamando que tava sufocada
Com a Polícia e sua bomba de efeito moral
A guerra estava feita
E o povo cada vez mais enlouquecia
Eles já nem se importavam
Com a tempestade que caia
Cada hora chegava mais gente
Que nem sabiam por que estavam brigando
Já podíamos ver pais com filhos na briga
Tinha até um casal apaixonado namorando
A situação estava fora do limite
A chuva fez encher até o pequeno lago
E no meio disso alguém grita:
“ Meu Deus, o Pato morreu afogado”
Indignada a multidão correu pra lá
Querendo saber o que o Pato morto estava fazendo no chão
Enquanto isso o pobre do cachorro atropelado
Continuou morto... Jogado na contramão

terça-feira, 8 de junho de 2010

Exclamações

“Acabei”
Eu disse
Como uma criança no sanitário fala para a mãe
Mas ninguém veio
“Eu sei”
Respondi
Como um nerd que escuta uma pergunta que sabe a resposta
Mas ninguém perguntou
“Meu Deus”
Eu exclamei
Como um cristão se assusta com algo que viu
Mas ninguém quis saber o que era
“Já era”
Desabafei
Como um pessimista que quer uma palavra de consolo dizendo: "Calma ainda dá tempo"
Mas nada ouvi
“Puta que Pariu”
Eu desabei
Como um apaixonado quem não agüenta mais ficar longe de quem ama
Mas você... Mas você não veio

sábado, 5 de junho de 2010

Pronto, falei

Não, sem desculpas dessa vez que eu vi.
Sei que tava errada, mas eu precisava não mais ouvir.
Cheguei como quem pede pra ser maltratada, mas fui te ver
Não te pedi nada, cheguei sem ao menos ninguém me reconhecer.
E ver de longe você com o sapato e a calça que te dei foi demais
Depois te vi de preto, e pensei que foi porque gosto mais.
Um tempo mais tarde até achei que todos estavam errados
E comecei a me sentir culpada de você um dia ter desconfiado.
Tudo ia bem, a felicidade batia e eu já estava indo embora.
Mas veja como é o destino, a alegria novamente pulou fora.
Com coisas que você fez não só pra mim, mas pra todo mundo que lá estava.
Até que concordei com aquela multidão que de você reclamava
E o momento veio como um tiro que acabou com toda minha vaidade.
Ao perceber que tudo que falavam de você realmente era verdade.
E te falo uma constação tardia que vai parecer que sou meio “lerda”
Amor, eu te amo... Mas pra mim você é um merda...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Embasado

Tudo que entra na minha vida
Sai como poesia
Por que isso seria diferente?
Não precisa ser importante:
É um filme que vejo
Uma música que escuto
Um lugar que vou
Algo que me dizem
Uma história que pego sem querer
Um ponto de vista
Alguém que vejo
Alguém que não que não quer me ver.
A vida é um círculo
E um ciclo
Que só incomoda quando recebemos
O que volta do que fazemos
E o que fazemos?
Não incomoda?
Sim... Sempre incomoda alguém.
Não acredito na morte
Acho que as coisas na verdade não morrem
Morrem, mas não se apagam
Pra alguém sempre existe aquilo
Uma espécie de cemitérios de lembranças vivas
Que fica ali
Recebendo flores
Cantos
E orações de arrependimento, tristeza ou raiva.
Alimentando as ações como animais em uma jaula
Jaula que a gente coloca
Tranca
Joga a chave
Não vai visitar
Mas alimenta
Ou deixa alguém alimentar...
É chato quando descobrimos a verdade
A vida poderia ser uma eterna história de Platão
Daquelas que o mundo finge que nos engana
E a gente finge que acredita acreditando
E assim vive mais feliz
Acreditando em tudo aquilo que quer
Ou que deve
Como:
Em “Papai Noel”
Em “Coelhinho da Páscoa”
Em “Amanhã eu te ligo...”
E “Você é muito especial”

terça-feira, 1 de junho de 2010

Minha Cama de Zinco

Estive vendo outro filme chamado Minha Cama de Zinco. Como muitos filmes na minha vida esse é mais um filme que eu vejo sem ver, sim... Daqueles que passam várias vezes e eu fico vendo e fazendo algo, vendo e fazendo algo, infelizmente não dei atenção que o filme necessitava, mas como eu tenho o dom de fazer mil coisas ao mesmo tempo (viu meninas, só ligar) pude acompanhar um pouco da história.
O filme narra a história de um escritor que é alcoólatra e totalmente dependente do seu vício para trabalhar e acaba por tentar se reabilitar e conhece a mulher do seu chefe também viciada e nela vive um romance no mínimo estranho e confuso.
No fim do filme eles não ficam juntos, o marido morre em um acidente de carro embriagado (o destino tem dessas coincidências) e as letras sobem com a sensação de que... Não sei, só fica a sensação.
Pra falar a verdade acho que a sensação é uma sensação de identificação com o personagem, já que me identifico com personagens assim: viciados, alcoólatras, etc... Não porque sofro um desses males (é, do alcoolismo não estou longe), mas porque vejo neles um estado meio perdido, mas ao mesmo tempo uma forma para continuar.
No filme, a presença dela o fazia se sentir bem, mas ele só encontrou a verdadeira cura (cura não, porque como ele mesmo diz que a cura é o fim do desejo e ninguém quer deixar de sentir desejo) sozinha, pois por mais que a presença dela o faça se sentir bem e feliz tudo que ele precisa é de estabilidade.
Estranho, não? Como essa história no fundo é comum a todos nós, que às vezes somos obrigados a abrir mão de algo ou às vezes somos algo de quem abre a mão, simplesmente porque daquele jeito não dá, porque não temos segurança e achamos que merecemos coisa melhor, ou que as coisas têm que melhorar, e aí... Talvez e aí a “grande chance” que a gente sempre busca... Passou...
Mas será realmente isso a solução? Será que seguir sozinho quando achamos alguém com quem a gente quer ficar, é a melhor coisa? Até onde vale tentar? Onde fica o limite entre amor e amor próprio? Entre felicidade e burrice? Entre gostar e teimosia? Quer saber? Acho que ninguém, nem eu mesmo nunca saberemos responder isso, mas pelo menos vou morrer tentando descobrir até onde eu conseguir... Mesmo que eu seja um monte de coisa aí de cima...