Por mais que o tempo passe
Acho que uma pergunta nunca sai da cabeça:
"Onde foi
que o Brasil deu errado?"
A grande verdade é que o Brasil tinha
tudo pra ser um lugar do caralho.
Povo
carismático
Criativo
Receptivo
E batalhador.
Dono de uma
alegria contagiante, uma energia única.
Com lugares
lindos, paisagens incríveis.
E ainda
assim, como todos já sabem...
Estamos no jeito que estamos.
Sei que
parece meio óbvio no meio de tanta coisa falar disso
Mas a única coisa que
consegue justificar o Brasil estar nessa situação
Somos nós brasileiros.
Longe de
mim fazer o discurso de cachorro vira-lata.
Somos bons
sim em inúmeras coisas.
Mas é
inegável que a corrupção aqui é algo cultural.
Está no
nosso DNA.
Vem de geração em geração.
Chegou aqui
de navio por volta de 1500 e continuou saindo até hoje em um helicóptero cheio
de cocaína.
Ela está
enraizada.
Como um cheiro que fica preso na parede.
Foi passado por pais, avós, bisavós, até a
nossa geração sabe-se lá de onde.
Fez parte
do nosso dia a dia.
Fomos
criados vendo pessoas pagando cafezinho pra sair de blitz.
Dirigindo
sem carteira de motorista.
Passando
por baixo de roletas em ônibus.
Molhando a
mão do garçom para ter privilégios.
Parando em
fila dupla.
Em vagas de idosos.
E assim,
olhando mais de perto, percebe-se que aqui a corrupção está em tudo:
Na loja que
vende sem nota.
No imposto
que não se paga.
Na revenda
de ingressos.
Na mercadoria mais barata ou roubada que compramos.
Tem
deslealdade em qualquer âmbito.
Precisamos
de anos e mais anos de conscientização de novas gerações para limparmos tudo
isso que existe entranhado em nós.
Outro problema por aqui é que somos
demasiadamente ansiosos.
Falamos da
beleza natural do Rio
Do lugar
onde as pessoas passam férias.
Mas estamos
sempre correndo, atrasados, com pressa.
Não
aguentamos esperar nada.
Basta ver
uma fila grande que ficamos irritados.
Procuramos um jeito de burlar.
No trânsito estamos sempre correndo.
Chamando o outro da frente de lerdo.
Se o sinal
abre por 2 segundos já buzinamos para o carro da frente.
Não
conseguimos respeitar pistas especiais, assentos seletivos, vagas especiais.
Aqui não
queremos perder nada.
Não podemos ceder em momento algum.
Fomos
regidos desde sempre pela lei de Gerson.
Precisamos ter vantagem em tudo.
E culpamos os políticos por toda desgraça que acontece.
Esquecendo-se de quem os colocou lá
E que eles são apenas reflexos de nós
Nada mais que isso...
E assim...
Chega-se a
conclusão que o grande problema do Brasil é a impunidade.
O nosso
sistema está todo podre.
Precisamos
urgente de reformas.
Leis mais
severas, mais duras, mais claras.
Por anos se
roubou (e muito) sem que nada acontecesse.
Menores
roubam e sabem que não ficarão presos.
Adultos
roubam e sabem que não ficarão presos.
Bandidos usam redes sociais
Como se estivesse tudo bem.
Todas as nossas polícias tem participação no poder do crime organizado:
Desde a que fornece armas
A que abre as pernas na fronteira
Ou a que deixa o bandido livre pra ir...
A delação
premiada é uma piada.
Aquele que
rouba, porém denuncia primeira, acaba livre de tudo que cometeu.
“No Brasil
o crime compensa e muito!”
Diz Joesley
da sua casa em Nova York.
E assim,
vivemos com o Rio nessa situação que vemos agora:
Quase todos
os dias se vê algum conhecido informando que foi furtado.
Alguma
matéria diz que mais um policial foi morto.
Mais um
shopping foi assaltado.
Mais uma
via ficou fechada por tiroteios.
Mais uma
pessoa foi esfaqueada por alguma vítima da sociedade.
E o pior:
Estamos
achando tudo normal.
Temos
preocupação e solidariedade com atentados em outros países, por tragédias
naturais.
Mas não
percebemos o caos que vivemos a cada dia.
Estamos em
guerra
E somos obrigados a sair todo dia de casa
Desarmados em sem coletes.
Somos ameaçados todo dia pelo desemprego que sufoca.
Por empresas que praticamente todos os dias batem em nossas costas e dizem:
"Me agradeça por estar empregado".
E quem tem
força para tentar mudar isso, não faz, não muda.
Vemos uma
classe artística fraca, mais preocupada com parecer do que realmente ser.
Uma classe artística
que não fala.
Que tem
voz, mas não diz.
Que vive de
imagem.
Que só se
impõe se o assunto é polêmico para render likes.
Vivemos uma
extrema pobreza de formadores de opinião da massa:
Um dos
maiores ídolos do esporte está mais preocupado com o seu Instagram do que em
realmente ser um exemplo para as novas gerações.
A sensação
do momento da música faz muito mais sucesso pela bandeira que carrega, do que
pela música que faz.
A nossa
principal modelo no momento só se posiciona se o assunto for a Amazônia.
O maior
influenciador entre os jovens é praticamente um novo Tiririca.
É BBB que já sai do programa com fã clube...
Dezenas de
Digital Influencers que não passam de corpos bonitos, dicas de dietas e exercícios
físicos.
O maior legado que essa geração deixará são as receitas de Frango com batata doce
Seguimos as pessoas pelo o que elas parecem
Não pelo o que dizem.
E enquanto isso aqueles que realmente tem os holofotes
voltados para si, preferem se isentar do que realmente interessa.
Envolvem-se
em polêmicas pífias.
Se
vitimizam.
Compram
brigas que não deveriam ser relevantes.
Criam
inimigos ideológicos.
Fazem
ameaças
Retaliações contra os que pensam diferentes.
Mas não tem
a coragem de dizer nada de relevante para mudar o país.
Como diria
Umberto Eco:
“As redes sociais
deram vozes aos imbecis”.
Perdemos
artistas com firmamento politico.
Perdemos
bandas e músicas contestadoras.
Perdemos a
alegria.
O humor
O direito
de fazer piadas.
O politicamente correto ficou um saco.
Nos deixou pisando em ovos.
Perdemos a tranquilidade
Perdemos a
liberdade de ir e vir.
Perdemos o
orgulho.
Perdemos a esperança.
Perdemos
tudo
Nos perdemos...
E estamos
cada vez mais nos despedindo uns dos outros
Indo embora.
Pra Bem longe...
Com essa
sensação eminente de que o último a sair realmente tem que apagar a luz
Ainda que a gente esteja vivendo na escuridão
Com algum transformador que explodiu
Após mais um tiroteio..