E talvez pra mim nada seja mais contraditório na relação
confusa entre teoria/prática do que a nossa autoestima de maneira geral, ter
mais a ver com o outro, do que com a gente mesmo.
"Auto" vem do grego autos, que significa um elemento de
composição que exprime a noção de próprio, de si próprio, por si próprio. Em psicologia, inclui uma
avaliação subjetiva que uma pessoa faz de
si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau.
Todo mundo, mesmo que na maioria das
vezes não valorize, tem dentro de si uma infinidade de qualidades que deveria
moldar a base de qualquer avaliação.
Somos seres únicos, capazes de realizar
coisas incríveis, com dons imagináveis, uma força fantástica que nos empurra pra
frente, uma resiliência contra qualquer adversidade, mas ainda assim com o nosso complexo de inferioridade cismamos
em olhar os defeitos, em focar no que nos falta, naquilo que os outros têm, mas
a gente não. Como perceber que fila ao
lado anda mais rápido, somente quando não estamos nela.
Autoconhecimento deve ser um exercício
diário, recapitular quem somos todos os dias deveria ser obrigação, relembrar
pelo o que passamos, de onde viemos e o que nos tornamos, deveria ser como um mantra.
Somos seres totalmente diferentes, com
histórias diferentes, pensamentos diferentes, crenças diferentes, culturas
diferentes, criações diferentes, gostos diferentes, características físicas
diferentes, que chega até ser injustiça, no meio de tanta variável, achar o
outro tem qualquer poder de julgamento sobre nós.
Ninguém pode se conhecer mais que você,
ninguém sabe por tudo que você passou. E ainda assim estamos sempre olhando
para o lado, analisando o sucesso, o não do outro, como um sinal de tudo que ainda não
somos.
Comparações nunca devem ser feitas. O outro
de longe sempre parecerá mais bonito, mais bem sucedido, mais feliz e talvez
será mesmo em certos momentos, mas isso nunca poderá diminuir o nosso valor. A
vida é feita de ciclos, e o seu um dia chegará.
Nada é exato, não existem fórmulas ou
momento certo para realizar coisas. Cada um encontra o sucesso, o amor, a
realização pessoal em seu tempo, da sua maneira. O importante é ser sincero
consigo mesmo, ver e aceitar o que realmente te faz bem, não seguir pegadas,
trilhar seu próprio caminho para a felicidade.
Ninguém pode ter o poder de determinar
quem somos através de atos ou ações contra nós. Ninguém pode dizer quem você realmente é
pelo o click de um botão. Não podemos alimentar nosso ego em redes sociais, por
likers, por sucesso, por mensagens, por seguidores ou amigos virtuais. É perda de tempo, é mais do mesmo, um saco sem fundo, liquidez. Sempre precisaremos de
mais e mais para reforçar quem somos, enquanto fomos balizados pelo o outro,
nunca nos bastaremos, nossa própria cia, nunca seremos suficientes.
Não podemos nos punir pela escolha do
outro. Se alguém preferiu estar com outra pessoa, não quer dizer que você seja
ruim. Se alguém preferiu outro candidato que você, não quer dizer que não seja
tão bom quanto ele. Se alguém não te achou legal, não quer dizer que você não
seja, Se alguém não gostou de você, não quer dizer que você também não deva
gostar. A escolha do outro tem a ver com o outro, a sua tem a ver com você.
Caso contrário, nos afundaremos ainda
mais nesse ciclo sem fundo de ir atrás do impossível, de valorizar tudo aquilo
que não nos quer, como se conseguirmos o inalcançável fosse provar para nós
mesmos que somos bons, afastando de lado, toda e qualquer forma genuína de ser
feliz, afinal, se nos achamos tão ruins, quem gosta de gente por gostar, sem nada em troca, não pode ser
assim tão bom, sempre haverá alguma coisa errada, o certo é não sermos valorizados.
Nunca podemos nos esquecer, que a autoestima é egoísta, é dela própria, não
precisa de nada nem de ninguém pra existir, sabe tanto o seu próprio valor, que desde 2009, nem mesmo mais do
hífen pra saber quem ela é..