terça-feira, 2 de agosto de 2016

Autoestima

E talvez pra mim nada seja mais contraditório na relação confusa entre teoria/prática do que a nossa autoestima de maneira geral, ter mais a ver com o outro, do que com a gente mesmo.

"Auto" vem do grego autos, que significa um elemento de composição que exprime a noção de próprio, de si próprio, por si próprio.  Em psicologia, inclui uma avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau.

Todo mundo, mesmo que na maioria das vezes não valorize, tem dentro de si uma infinidade de qualidades que deveria moldar a base de qualquer avaliação.

Somos seres únicos, capazes de realizar coisas incríveis, com dons imagináveis, uma força fantástica que nos empurra pra frente, uma resiliência contra qualquer adversidade, mas ainda assim  com o nosso complexo de inferioridade cismamos em olhar os defeitos, em focar no que nos falta, naquilo que os outros têm, mas a gente não.  Como perceber que fila ao lado anda mais rápido, somente quando não estamos nela.

Autoconhecimento deve ser um exercício diário, recapitular quem somos todos os dias deveria ser obrigação, relembrar pelo o que passamos, de onde viemos e o que nos tornamos, deveria ser como um mantra.

Somos seres totalmente diferentes, com histórias diferentes, pensamentos diferentes, crenças diferentes, culturas diferentes, criações diferentes, gostos diferentes, características físicas diferentes, que chega até ser injustiça, no meio de tanta variável, achar o outro tem qualquer poder de julgamento sobre nós.

Ninguém pode se conhecer mais que você, ninguém sabe por tudo que você passou. E ainda assim estamos sempre olhando para o lado, analisando o sucesso, o não do outro, como um sinal de tudo que ainda não somos.

Comparações nunca devem ser feitas. O outro de longe sempre parecerá mais bonito, mais bem sucedido, mais feliz e talvez será mesmo em certos momentos, mas isso nunca poderá diminuir o nosso valor. A vida é feita de ciclos, e o seu um dia chegará.

Nada é exato, não existem fórmulas ou momento certo para realizar coisas. Cada um encontra o sucesso, o amor, a realização pessoal em seu tempo, da sua maneira. O importante é ser sincero consigo mesmo, ver e aceitar o que realmente te faz bem, não seguir pegadas, trilhar seu próprio caminho para a felicidade.

Ninguém pode ter o poder de determinar quem somos através de atos ou ações contra nós. Ninguém pode dizer quem você realmente é pelo o click de um botão. Não podemos alimentar nosso ego em redes sociais, por likers, por sucesso, por mensagens, por seguidores ou amigos virtuais. É perda de tempo, é mais do mesmo, um saco sem fundo, liquidez. Sempre precisaremos de mais e mais para reforçar quem somos, enquanto fomos balizados pelo o outro, nunca nos bastaremos, nossa própria cia, nunca seremos suficientes.

Não podemos nos punir pela escolha do outro. Se alguém preferiu estar com outra pessoa, não quer dizer que você seja ruim. Se alguém preferiu outro candidato que você, não quer dizer que não seja tão bom quanto ele. Se alguém não te achou legal, não quer dizer que você não seja, Se alguém não gostou de você, não quer dizer que você também não deva gostar. A escolha do outro tem a ver com o outro, a sua tem a ver com você. 

Caso contrário, nos afundaremos ainda mais nesse ciclo sem fundo de ir atrás do impossível, de valorizar tudo aquilo que não nos quer, como se conseguirmos o inalcançável  fosse provar para nós mesmos que somos bons, afastando de lado, toda e qualquer forma genuína de ser feliz, afinal, se nos achamos tão ruins, quem gosta de gente por gostar, sem nada em troca, não pode ser assim tão bom, sempre haverá alguma coisa errada, o certo é não sermos valorizados.

Nunca podemos nos esquecer, que a autoestima é egoísta, é dela própria, não precisa de nada nem de ninguém pra existir, sabe tanto o seu próprio valor, que desde 2009, nem mesmo mais do hífen pra saber quem ela é..



Nenhum comentário: