quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Com Qualquer Tinta Eu Tento

Pega o pincel
E tenta
Tenta  
Tenta
E tenta...
Se não ainda não deu...
Você tenta
Tenta
Tenta
E tenta...
Se não foi dessa vez...
Você tenta
Tenta
Tenta
E tenta...
Se não foi como o esperado...
Você tenta
Tenta
Tenta
E tenta...
E aí
Só talvez
Quando a mão cansar
A tinta acabar
A folha ficar gasta
E todas as possibilidades de cores e sombras chegarem ao fim
Aí sim
Você pega uma borracha
Apaga tudo que já foi
Muda a tinta
E...
Tenta
Tenta
E tenta...
...

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Dia da Saudade

A verdade é que querendo ou não
A saudade é proporcional ao passar do tempo.
A vida acontece
As coisas tomam forma
Pessoas chegam e se vão
E um dia
Talvez em um quarto sozinho tarde da noite
A gente percebe que sente falta de quase tudo que já passou.
Saudade daquele colo de mãe
Saudade daquela tia do colégio que a gente nunca mais teve notícias.
Saudade daquele biscoito com manteiga que só existia na casa da avó.
Saudade do nervosismo do primeiro beijo.
Saudade de uma vida sem contas pra pagar.
Saudade de ouvir o grito do pai na rua chamando pra casa.
Saudade de amigos que nunca mais viu.
Saudade da simplicidade das escolhas.
Saudade da inocência de uma época.
Saudade do entrelaçar de alguns dedos.
Saudade de algumas coreografias estranhas.

Saudade de saídas memoráveis.
Saudade do sofá e do biscoito te esperando pra ver Sessão da Tarde.
Saudade das noites acordadas nas férias jogando Video Game.
Saudade no tempo que se divertia com pouco ou quase nada.
Saudade de alguns lugares que nunca mais visitamos.
Saudade de como fomos um dia.
Saudade daquela música inédita tocando no rádio.
Saudade de como um dia já foram com a gente.
Saudade de sorrisos que nunca mais vimos.
Saudade daquela gargalhada sincera.
Saudade de alguns momentos que não voltam.
Saudade de pessoas que nunca mais teremos.
A saudade nunca vem sozinha
Ela traz emoção
Pessoas
Lembranças
Momentos
Caixas fechadas no fundo do armário
Cartas apaixonadas
Dias inesquecíveis
Acontecimentos distorcidos
E toda e qualquer coisa que deixe claro que:
"Isso você não terá nunca mais".

Tudo bem que a vida é vivida pra frente
Que o tempo não cobra passagem de volta
E que viver olhando pra trás
É tão útil quanto querer mudar o que passou.
Mas tem dias
Em que as lembranças doem tanto
Que a saudade
Pega todos os abraços que um dia tivemos
E aperta tão forte
Que é quase impossível não perder uns minutos
Desejando o sonho quase que infantil
De voltar no ontem.
E mesmo sendo possível de se sentir todos os dias
Eu até respeito
A Saudade
Ainda que tão cruel do jeito que é
Ter um diazinho só dela pra ser sentida ainda mais.
Mas e o dia de matar a saudade?
Quanto mais tempo e vou ter que aguentar
Carregando essa falta diária
Até o inventarem?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Depois De Nada Serve

Provavelmente, seguindo a linha da imprensa massiva e da rapidez que a sociedade absorve os fatos, a questão do incêndio em Santa Maria pode ser considerada fato antigo, mas na realidade não é.

Estranho quando cai a ficha que mais de 200 pessoas morreram assim, por uma fatalidade, algo tão banal que inevitalmente toda uma vida precisa ser repensada.
“Poderia ser eu” todo mundo que acompanhou mesmo que de longe essa tragédia pensou. “Poderia ser meu filho", pais desesperados pensaram a ver tantos pais sentindo a pior de todas as dores... E a sociedade como sempre liga sua seta julgadora e pergunta:  “A culpa de quem?”.

O mundo tem naturalmente a dificuldade de lidar com fatalidades sem que se ache um culpado. É uma coisa antiga mesmo, desde o primórdios, a dificuldade de entender que algumas coisas acontecem porque tem de acontecer. A dificuldade de lidar com o acaso, com o improvável, com o incontrolável. É assim por causa das chuvas, é assim por causa de acidentes, é assim por inúmeras pessoas que morrem todos os dias... Mas vale nesse momento, mesmo uma busca por culpados?
Depois de toda tragédia algumas providencias são tomadas, leis são revistas, fisacalizações são seguidas a risca, e todo e qualquer atitude que seja capaz de impedir que aquilo ocorra de novo é tomada... Por um tempo...

Sim, a memória do povo é curta, dos governantes também, todo ano o Rio quando sofre com enchentes já previstas , melhorias e obras são planejadas, leis contra o armamento são cogitadas nos Estados Unidos depois de cada massacre em colégios, porém assim que ocorre outra notícia “novidade”, a prioridade do momento passa a ser outra.
Sei que posso ser julgado, mas no caso da boate, eu encaro isso como uma tragédia, que poderia ser evitada sim, mas com todos os componentes de uma fatalidade do destino em que os responsáveis pela casa de show, quem deixou a casa funcionar sem alvará, os músicos da banda e tantos outros envolvidos, não merecem ser julgados assim, como verdadeiros assassinos. Acho sim, que cada qual deve acertas suas contas com a lei, no que diz respeito a legislação, nada mais que isso. Porém entendo também os que perderam entes queridos, numa tentativa desesperada de tentar minimizar a dor dos que se foram, exigirem por justiça.

Como sempre, acho engraçado essa rapidez de tentarem melhorar as coisas em todo país. A tentativa de se fazer em um mês o que não foi feito em 100 anos, e daí só agora, depois de tanto tempo, questões básicas  dos estabelecimentos noturnos serem questionadas como:  locais pequenos e sem estrutura, o uso de comandas de pagamento, falta de brigadista de incêndio, entre outros.  Até quando a sociedade estará sempre um passo atrás dos acontecimentos? E tentará tapar o sol com a peneira com atitudes tardias?


A questão é mais uma vez, o que vai ficar de legado na morte de todos esses jovens? Tantas pessoas morrem todos os dias em vão que pelo menos dessa vez, isso tem de servir de algo.
Para o mundo,  vai ficar a dor de uma tragédia e a certeza de que ninguém está livre de nada. Para os parentes e amigos, uma falta para o resto da vida. Para os órgãos responsáveis, a necessidade de mudanças e principalmente da prevenção de certos problemas, e para nós, meros mortais que vimos tudo pela TV,  a lição que existem problemas muito maiores, do que aqueles que a gente reclama todos os dias...
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores

Era uma vez um ponto fora da curva.
Um milagre
Uma exceção
Um acidente
Que mesmo sem ser convidado pra entrar
Entra
E participa da festa.
Era uma vez um ponto fora da curva.
Um percalço
Um alguém perdido no meio da multidão
Uma cor que não deveria estar ali
Mas estava.
Era uma vez um ponto fora da curva.
Uma decepção no meio da alegria
Um sorriso no meio do caos
Um erro de cálculo
Que pega toda a lógica
E a revira pelo avesso.
Era uma vez um ponto fora da curva.
Um acontecimento em um dia de porre
Uma porta destrancada
Uma palavra fora de contexto
Que sente
O que não deveria jamais ter sentido.
Era uma vez um ponto fora da curva.
Um segredo nunca contado
Uma confusão que não era pra ser confundida
Uma flor que nasce no deserto
Mesmo sem nada que justificasse
Aquela existência.
Era uma vez
Um Eu
Um ponto fora da curva...
Que existiu
E sentiu todo o peso de ser aquilo que não era pra ter sido.
E que sabe que se dependesse de tantas outras coisas
Não teria nem acontecido.
Mas por ser desobediente
Como todo ponto fora da curva
Aconteceu...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Imperativo

Se quer
Faça.
Se sonha
Tente.
Se irrita
Respire.
Se acredita
Espere.
Se perdeu
Procure.
Se cansou
Mude.
Se acabou
Recomece.
Se esconde
Mostre.
Se guardou
Entregue.
Se sobrou
Divida.
Se sabe
Conte.
Se não aguenta
Corre.
Se passou
Sorria.
Se machuca
Chore.
Se sobra
Ajude.
Se precisa
Peça.
Se ardeu
Assopra.
Se caiu
Limpe.
Se falta
Complete.
Se ama
Aproveite.
Se não sabe
Descubra.
Se tem saudades
Ligue.
E se não atende
Foda-se!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Joguinho dos 7 Erros

Confesso
Por muitas e muitas vezes
Protelei encarar as coisas de frente.
Sempre fui meio assim
De deixar pra depois
Dar mais uma chance para os acontecimentos
Agarrar-me no acaso
Cruzar os dedos por toda probabilidade de mudança
E acreditar demais na máxima de que:
“Nada é impossível”.
Não digo que me arrependi disso
Pelo contrário
Até porque sempre tive um medo absurdo
De chegar no final da vida
Ou em qualquer estágio perto disso
Olhar para trás
Com um vazio incrível no estômago
Causado pela amargura dolorosa
Que a não tentativa me deixou...
Sempre fui otimista
Talvez aí um  erro.
E sempre acreditei que dessa vez
Tudo poderia ser diferente
Com certeza outro erro.
Mas por mais que tenha demorado
Eu aprendi.
Essa história me mostrou
Que certas coisas não nascem pra ser
Não são feitas para funcionar
E talvez o que tenha faltado em mim nesse tempo todo
Era aceitar isso
Simplesmente entender
Que por mais que o tempo passasse
Por mais que certas coisas mudassem
No fundo eu continuaria sendo eu
E você
Infelizmente
Continuaria sendo você...
Eu preciso perder o medo
E encarar a vida de frente.
Do que adianta
Tentar, tentar e tentar
Com medo de perder de vez
Se no final das contas
Em algum momento
Isso será inevitável?
É isso que  preciso
Entender que as coisas passam
Que as pessoas vão
Enquanto outras vêm
E que no final das contas
É necessário
Sentir
Sofrer
Decepcionar-me
E livrar-me de tudo
Que eu já vi
Diversas
E diversas vezes
Que não vai dar certo...
Muito melhor
Do que continuar nesse joguinho besta
E esperançoso
De tentar "só mais uma vez" 
De brincar dessa brincadeira de
"Agora vai ser diferente"
Do "confia em mim"
De novo e de novo
Até  o dia que você enjoe
E tudo passe
Enquanto eu
vou ter ficado pra trás
Há muito tempo...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Diário da Outra

Sabe qual é o pior?
É no final de tudo
Eu ainda entender o seu lado.
Você tem toda uma história construída
Tem o costume
Os planos
As promessas
O envolvimento
E tanta coisa que já deu certo até aqui
Que chega até ser mesmo estranho
Você chegar pra ela
E falar como se a vida fosse um jogo:
“Acabou”.
Eu entendo bem
Como é difícil essa coisa de se desprender dos vínculos
E dar fim a esse banho Maria.
É confortável
Ir empurrando com a barriga
Enquanto ainda pode.
Provavelmente você
Como todo homem
Pensa que é feliz e abençoado por estar nessa situação
E se tem condições de ter as duas coisas
Por que teria que fazer a tal escolha?
Uma pena é você não perceber
Que assim
Tentando ter tudo 
Você não acaba tendo nada.
É muito mais justo
Viver intensamente uma coisa só
Do que se dividir em vários
Deixando uma migalha
Um pedaço seu em cada lado...
Mas não vou me lamentar
Talvez apenas por uma simples questão de ordem de acontecimentos
Ela é a escolhida
Eu não.
Enquanto o papel de ser a oficial
Aquela da fotografia
Da Família
Dos amigos
Ficou com ela
O papel de ser apenas mais uma aventura
De tantas que você já teve
Pra sair um pouco dessa sua rotina chata
Da monotonia da sua vida mais ou menos
Ficou comigo.
O brinquedo
Que você usa na rua
Porque ta enjoado dos que tem em casa.
A emoção por qual você se apaixona
Igualzinho faz
Com tudo que você ainda não tem...
E mesmo que um dia a tal paixão seja real
Pra você
Que relevância teria uma paixão por mim
No meio de tanta história com ela?
Eu não sei muito bem ainda
Porque eu me presto a esse papel.
Talvez porque lá no fundo
Eu tenho a certeza
Que isso daria certo...
E Não...
Antes que você pense
Para te ter
Nem por um dia
Me passou pela cabeça ser ela
Mas
Talvez sim
Eu já quis ser você
Pra tentar descobrir
Qual motivo mais que você precisa
Pra enfim
Ter coragem de largar essa vida de mais ou menos
E ser ser feliz comigo.
 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

E o Vento Levou 2

Em certos momentos
É importante “Tangibilizar” algumas palavras através de atitudes.
Fazer aquele esforço
Sair da inércia da promessa
E cair pra dentro das coisas
Porque senão assim
A vida fica muito fácil.
A gente vai falar o que quer
Pra quem quiser ouvir
E no final das contas
Tudo fica por isso mesmo...
Não
As palavras não podem ser tão soltas
Tão descartáveis
A ponto de prometermos mundos e fundos
Sem ter o mínimo de preocupação em cumprir...
A vida não pode cair em tamanho descaso
As pessoas não podem criar um mundo sem credibilidade
Em que palavras são jogadas ao vento
Como um papel que depois de escrito
É amassado
Jogado fora
E depois ninguém nem mais lembra o que tinha ali...
As palavras marcam
Não são esquecidas
É o nosso reflexo
Nosso cartão de visita
Mostra o que somos
E quando ditas pra alguém
Criam sonhos
Dão liberdade
Fazem olhos brilharem
São capazes de salvar um dia
Podem dar sentido a uma vida.
Existe tanto
Mais tanto peso em tudo aquilo que a gente diz pra alguém
Que eu não consigo entender
Como tão pouca gente
Consegue ser capaz de cumprir
Aquilo que ela mesmo prometeu.
Temos noção de como isso é surreal?
Se não somos capazes de cumprir
Nem aquilo que dizemos
Seremos capazes de fazer mais o que na vida?
Por isso
A partir de hoje
Eu só preciso de gente
Que faz mais
E fala menos.
Preciso de mais gente pra eu contar
E menos pra me ouvir.
E preciso de mais atitudes do tipo:
"Tô contigo”
E menos palavras clichês como:
“Se precisar de alguma ajuda é só falar...”

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Imperfeito



Sempre fui fascinado
Por tudo que não tem pretensão de ser perfeito.
A bagunça
O que é torto
O jeito despojado
A distração
A imperfeição
E tudo que tenta sim 
Ser mais e melhor
Mas respeitando o limite
Entre o evoluir
E o deixar de ser o que é.
Gosto dessa autenticidade
Que a não preocupação com certas coisas causa.
Aquele cabelo despenteado
A barba que fica pra fazer
O amassado na roupa
O desapego a coisas materiais
A mania
O que não é simétrico
E a aceitação de que a diferença é que dá a graça ao todo.
Pra ser mais exato
Nunca confiei muito naquela coisa certinha
Que existe no impecável
No simétrico
No inabalável
No perfeito
Naquela coisa que segue um roteiro
Que começa
Termina
E acaba
Conforme o programado
Sem falhas
Nem mudanças de plano no meio da jornada.
Ou aquela coisa que de tão linda
E perfeita
Chega a ser feia
Fica tão artificial 
Que perde a graça.
 Gosto de coisa assim
De gente assim
Que é gente
Que fala besteira
Que desafina
Que é distraído
Que se perde
Que tem imperfeições
Que xinga
Que erra
E erra de novo
E quem sabe 
Só pra não perder o costume
Erra mais uma vez
Até acertar...
Gosto é disso
Do normal
Do limitado
Da cicatriz
Do que se suja comendo sorvete
Do que tem marcas 
Mas se aceita
E é feliz do jeito que é.
Não dessa coisa chata
Falsa
E não autêntica
De tentar ser perfeito
Mas no final das contas
Não ter nem a coragem de assumir
Que na verdade
Não é porra nenhuma
Simplesmente porque se acha bom demais
Pra dizer um mísero palavrão
Ainda que o mesmo seja verdade...

domingo, 20 de janeiro de 2013

Os Dias de Cão Acabaram



Um rascunho feito à mão
A dor que causa um não
Esses dias ficaram para trás.
Um erro que não deixa lição
Lamentar pelas coisas serem como são
Esses dias ficaram pra trás.
Despedidas ditas com “Até”
A vontade de não ser o que é  
Esses dias ficaram pra trás
Fugir da ordem natural da maré
Acreditar sem ter fé
Esses dias ficaram pra trás.
Noite perdidas por culpa
Argumentos pobres feitos de desculpa
Esses dias ficaram pra trás.
O medo da vida adulta
A ignorância gratuita.
Esses dias ficaram pra trás.
Não fazer o que se gosta
A regra que é imposta
Esses dias ficaram pra trás.
O caminho na direção oposta
A pergunta que fica sem resposta
Esses dias ficaram pra trás.
O fazer só por fazer
A confusão que causa ser
Esses dias ficaram pra trás.
O medo que dá ter que escolher
Não respeitar a lei do que tem que ser
Esses dias ficaram pra trás.
Uma história sem verdade
A limitação da amizade
Esses dias ficaram pra trás.
Um dia sem novidade
O cinza que vem com a saudade
Esses dias ficaram pra trás.
A aparência e sua escolha inconsequente
Falta de mais gente como a gente
Esses dias ficaram pra trás.
A limitação que tem o "somente"
Querer que tudo fosse diferente
Esses dias ficaram pra trás.
A rejeição pelo o que se desconhece
Acreditar que alguém é o que parece
Esses dias ficaram pra trás.
A insatisfação pelo o que não acontece
Correr atrás de quem não merece
Esses dias....
Ficaram pra trás...