E Até Uma Chuva Muda Tudo

Inexplicável

São os caminhos

As possibilidades

E todo o acaso que nos faz transitar entre o algum lugar

E o lugar nenhum.

Para cada dia que acordarmos

Para cada ato que é realizado

Um conjunto tão grande de fatores interage entre si

Que é quase impossível de prever

Qual foi o mais relevante

No resultado final daquilo.

Na profissão que escolhemos

Nos amigos que temos

Nas coisas que conhecemos

Nas escolhas que tomamos

São tantas as vertentes

E os detalhes que mudariam tudo

Que dependendo do grau

Um simples fato de perder alguns minutos pela manhã

Ou decidir pegar o ônibus “mais vazio” detrás

Faz com que nossa vida

Seja totalmente diferente do que seria.

E se eu não tivesse ido aquela festa?

E se eu não tivesse feito aquele curso?

E se eu tivesse saído um pouco mais cedo?

E se eu tivesse almoçado em outro lugar?

E se eu não tivesse comprado aquele CD nos anos 90

E ido ao show dela tempos depois

Como tudo seria?

Essas são questões tão pequenas

Mas ao mesmo tempo tão relevantes

Que fazem a maior diferença de nesse exato momento

Estarmos aqui 

E não lá.

A vida segue uma ordem cronológica

Feita de pequenos acontecimentos 

Que nos levam a outros acontecimentos

E consequentemente outros

E outros

Ditados por nós

Com atos e gestos tão minúsculos

E  irrelevantes

Quanto o fato de se amarrar ou não 

O cadarço do tênis de maneira correta naquela manhã escorregadia...

É inútil programar os acontecimentos

Criar certezas a longo prazo

Se estamos a mercê de tantas forças invisíveis e imprevisíveis

Que por mais claro e certo que seja um caminho visto de longe

De perto

Ele é simplesmente tão improvável

Quanto a nossa vitória na Mega Sena do mês que vem.

É necessário se deixar surpreender
Porque a vida é mais ou menos assim:

Certas retas programadas até acontecem

Mas não pelo caminho correto

Aquele que nossos olhos veem
E nossa mente imagina.

Mas sim por um jeito estranho

Torto

Confuso

Quase que parte de um acaso

Que segue apenas a lei do “Tinha que ser assim”

E nada mais...