Sempre fui
fascinado
Por tudo
que não tem pretensão de ser perfeito.
A bagunça
O que é torto
O jeito despojado
A distração
A imperfeição
E tudo que tenta sim
Ser mais e melhor
Ser mais e melhor
Mas respeitando o limite
Entre o
evoluir
E o deixar
de ser o que é.
Gosto dessa
autenticidade
Que a não
preocupação com certas coisas causa.
Aquele cabelo
despenteado
A barba que
fica pra fazer
O amassado
na roupa
O desapego
a coisas materiais
A mania
O que não é
simétrico
E a
aceitação de que a diferença é que dá a graça ao todo.
Pra ser
mais exato
Nunca confiei
muito naquela coisa certinha
Que existe no impecável
No simétrico
No inabalável
No perfeito
Naquela coisa
que segue um roteiro
Que começa
Termina
E acaba
Conforme o
programado
Sem falhas
Nem mudanças
de plano no meio da jornada.
Ou aquela coisa que de tão linda
E perfeita
Chega a ser feia
Fica tão artificial
Que perde a graça.
Gosto de coisa assim
Ou aquela coisa que de tão linda
E perfeita
Chega a ser feia
Fica tão artificial
Que perde a graça.
Gosto de coisa assim
De gente
assim
Que é gente
Que fala besteira
Que desafina
Que é
distraído
Que se
perde
Que tem
imperfeições
Que xinga
Que erra
E erra de
novo
E quem sabe
Só pra não perder o costume
Erra mais uma vez
Até
acertar...
Gosto é
disso
Do normal
Do limitado
Da cicatriz
Do que se suja comendo sorvete
Do que tem marcas
Mas se aceita
E é feliz do jeito que é.
Não dessa
coisa chata
Falsa
E não
autêntica
De tentar
ser perfeito
Mas no
final das contas
Não ter nem a coragem de assumir
Que na
verdade
Não é porra
nenhuma
Simplesmente porque se acha bom demais
Pra dizer
um mísero palavrão
Ainda que o
mesmo seja verdade...
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