quarta-feira, 11 de maio de 2011

Menos a Piada

Genilson e Sônia sempre sonharam em ter um filho. Depois de um casamento de alguns anos (que os dois faziam questão de esconder) já consolidado, uma vida super estável, e certa confiança no futuro, uma criança era o próximo passo para concluir o “rumo das vida” como eles mesmo gostavam de falar.
Não se sabia muito bem com quem era o problema, mas era perceptível que ali existia um. Depois de algum tempo tentando pelo método tradicional e nada acontecendo, a procura de um especialista foi inevitável. Depois de alguns exames, testes e métodos, o sonho do casal enfim se realiza, e Sônia estava grávida do primeiro filho do casal: Robson! Ou Robinho como era chamado por todos.
Como já era de se esperar, Robson, ou Robinho, foi uma criança que teve de tudo, nunca ouviu não. Era muito mimado, fazia o que queria e diversas vezes era possível vê-lo desafiando a autoridade dos pais com suas crises de chantagem emocional, já que os dois não conseguiriam viver sem o filho e diversas vezes, fizeram juras de amor caso algo acontecesse com o seu filho.
O tempo foi passando e, Robinho, talvez por não ter muito essa noção de limites, passou a ser um exímio pregador de peças entre os amigos e parentes, seguindo o passo do seu então ídolo Sérgio Malandro. Em casa, no colégio, em brincadeiras, Robinho era visto com bombas caseiras, balas que deixavam a língua azul, insetos de borracha, passando trote ou fazendo qualquer outra peripécia, cada vez mais sem limite.
Como todo grande brincalhão e mentiroso, Robinho passou a ficar sem credibilidade entre os amigos e familiares que passaram a não acreditar mais em nada do que ele dizia, nem mesmo na verdade. Vira e mexe alguém dizia: “ihh Robinho, agora você não me engana mais”, o que para ele era o fim e o fez procurar quase que compulsivamente por um truque infalível.
Pesquisando na internet, fatos e histórias Robinho chega à conclusão do que seria o seu grande truque, a sua grande cartada, forjar sua própria morte.
Robinho ficou algumas semanas estudando o truque de como faria isso e chegou à conclusão que se apenas falasse, de uma hora pra outra, não adiantaria. A história precisaria ser consistente, ter todo um contexto envolvido, e daí deu início ao que ele considerava seu grande truque.
De uma hora para outra, Robinho passou a vestir um personagem em sua casa e também para os amigos: aquele menino brincalhão e falador, dava espaço para uma pessoa séria e introspectiva que mal saía do quarto ou queria fazer atividades rotineiras como conversar com amigos.
Logo após o terceiro dia agindo assim, os pais de Robinho começaram a desconfiar que o menino estivesse sofrendo de depressão por algum motivo ainda desconhecido, e começaram o diálogo em casa:
- Ando tão preocupada com o Robinho, ele tá estranho, sem comer direito, não fala nada, não diz o que é. - falava Sônia.
Já Genilson tentando acalmar, mas sem esconder a preocupação dizia.
- É coisa da idade.
A situação continuou por um tempo, e Robinho começou a dar um tempero especial, falando com as pessoas em um tom de despedida, como se em breve não estivesse mais aí. Foi o desespero dos seus pais, que passaram a procurar ajuda médica, de amigos, igrejas, centros espíritas e até a medida drástica de esconder venenos, calmantes e tudo mais que pudesse ajudar Robinho a fazer uma “besteira”.
E o grande dia chega pra Robinho, que arma através de inúmeros kits de peças em que ele pregava, um clima de suicídio perfeito, e é nesse clima que os pais de Robinho chegam em casa e se deparam com uma cena digna de filme de Hitchcock: o menino deitado de costas, sem cor, aparentemente gelado, com uma espécie de espuma na boca, um frasco vazio de veneno para rato, e uma carta em que ele relacionava os motivos por ter feito isso. Os pais choram, não acreditam, lêem o cartão e antes mesmo de ler o “Obs” no final que dizia: “Ahhh, pegadinha do Malandro”, tomam também o veneno que tinha sido escondido e acabam com suas vidas.
E Robinho? Robinho ainda foi visto pela última vez, pregando algumas peças no enterro dos pais... Até porque pra ele, perde-se os pais, mas não se perde a piada...

Um comentário:

Unknown disse...

carlos robson eduardo sem noção kkkkkkk