quinta-feira, 28 de abril de 2011

E Se Baudrillard Conhecesse O Peixe Urbano?

“E o consumismo não para de crescer!”
Repetiria Baudrillard ao fazer uma leitura do nosso mais hobby do momento: Comprar tudo e a PORRA TODA!
Exagero? Talvez, mas não sei se é apenas uma questão de percepção mais aguçada da minha parte ou mesmo uma questão de tendência social, mas pra mim, estamos comprando cada vez mais coisas desnecessárias, os famosos supérfluos (que é praticamente uma palavra me extinção, já que tudo virou necessário).
Acho que isso começou a crescer mais com essa coisa de compra online, porque antes a pessoa mal ou bem teria que sair de casa para comprar alguma coisa e daí, só saindo, ela veria ou conheceria algo até então supérfluo e a partir desse momento, talvez comprar. Que volta que era necessário não é?
Mas aí, outra tendência mundial entra em jogo, a famosa preguiça que fazia com que a pessoa não tivesse tanto ânimo de realizar aquela “compra” necessária e dái por diante não conhecer o desnecessário e ferrar toda a logística do processo.
Mas aí novamente (mas aí é legal né, dar um ar de "vem algo de surpreendente"), eis que surge o e-Commerce e com ele a infinita e definitiva facilidade de se comprar tudo... Principalmente o que não se precisa.
Depois de alguma resistente, principalmente da parcela um pouco mais idosa da sociedade que comprava no máximo aqueles George Foreman Grill do Polishop, o comércio online de produtos virou uma febre, e como toda boa febre (amarela, aftosa, malária, entre outras) uma gana de produtos desconhecidos e desnecessários acabou por aparecer em casa. Produtos para emagrecer que nunca foram usados, chás milagrosos, DVD sem legenda que nunca foram vistos, etc... Tudo isso, pela sensação gostosa da compra e principalmente da chegada daquela caixa bonita, grande e imponente dos correios... Ah, vai... Realmente é uma sensação e tanto.
A situação já estava fora de controle, tudo estava sendo comprado, até mesmo coisas que exigiam uma certa presença para compra, como roupas entre outros utensílios, e quando a gente acha que chegamos no limite, aparece mais um vilão: As promoções!
Já não bastava a facilidade de comprar as coisas sentados, agora as coisas ainda saiam baratas, com descontos, preços quase irresistíveis que fizeram por si só a gente comprar ainda mais coisas, de mais lugares ainda, sem precisar... As compras coletivas estão ai para comprovar isso, existiu uma compulsividade de comprar escovas progressivas de cabelo para quem não precisa, tratamento de pele que nunca fizeram, almoços em restaurantes que nem se gosta, passagens aéreas para locais que nem se tem onde ficar, simplesmente porque é barato. Sim, o barato seduz e vai diretamente ao fundo do nosso ego, vai de encontro com a Lei de Gérson (lei da vantagem) que cada um tem dentro de si e pronto! É uma explosão de consumismo. Baudrillard se revira em seu túmulo!
Não para por aí,(substituí o mas aí, para não ficar repetitivo) com a probabilidade de parcelamento a sensação de que: “Se eu não gostar, tanto faz” ficou ainda mais evidente, porque já não se sente tanto o peso das compras como antes, e no caso das compras coletivas, se compra pensando que um dia: “vai que a gente usa” e se não usar tudo bem... O que vale é a sensação de que se tem para pode usar um dia (um dia = seguir as regras de uso e validade). Na verdade eu tinha curiosidade de saber o retorno exato de pessoas que compram determinada promoção e quantos realmente a usam, mas será mesmo que é de 100%?
Enfim, aproveitando essa onda de se comprar mais do que se precisa, em um futuro talvez nem tão distante ou tão fantasioso como minha cabeça acha, cada pessoa terá que ter no mínimo duas moradias: Uma para viver, é claro, e outra para guardar todas as lanternas, gaitas, baralhos de mágica, volantes para vídeo game, aparelhos de musculação, kit para cortar frutas em diversas formas, entre outras coisas que você comprou porque estava barato, mas na verdade nunca chegou a usar... Mais de uma vez...

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