terça-feira, 9 de novembro de 2010

Comercial da Nextel

Adoro dar a última palavra e ir embora
Como uma cena de novela
Fiz tanto isso
Virei tanto às costas
Dando a última palavra
Que ninguém mais ficou pra ouvir
Cheguei ao cúmulo de
Senti pena de mim
Só faltava eu “te ver” na garupa de uma moto velha
Com algum outro tatuado
Que aí sim eu veria
O fundo do fundo que tanto digo que fui
Nunca gostei de histórias de superação
Até porque elas
Pra mim
São passageiras
Supero-me em um dia
No outro me supero novamente ao voltar pra onde eu saí
Um eterno programa de reabilitação
Onde é preciso viver um dia de cada vez
Mas que chatice hein!
O vazio dentro é um tormento
Que a gente confunde por um vazio deixado por alguém
Que talvez nunca tenha entrado
Talvez só tenha guardado lugar
Pra alguém
Talvez...
Que palavra malandra
Que nunca diz nada
Mas ao mesmo tempo acha que diz tudo
Vive em cima do muro
Sempre acertando em qualquer opção que seja
Só porque disse “talvez”
Na vida a gente tem que arriscar
E levar mesmo o de dentro fora
Quem tá pra fora pra dentro
E não ficar nesse talvez
Acho que o vazio que sinto
É culpa do talvez
Por não ter decidido
É por ser vazio
Por procurar tanto pessoas legais
Quando nem eu mesmo sou legal
Mas pasmem
Mesmo assim elas aparecem
E eu
Querendo a perfeição
É sempre algo que não encaixa
Um motivo qualquer que me irrita
Uma palavra fora do meu dicionário
Tão complexo
E desleal
Ou pior
Alguém que não me quer
Sim...
Mesmo não assumindo
Com a desculpa de ”desafios”
No fundo
Eu gosto de ser maltratado
Só pode...
Acho que nem tudo precisa ser dito
Mas isso eu tive que dizer
Sei lá porque
Pra ficar desprotegido
Deve ser boa essa sensação
Deve ser bom sentir outras sensações
A não ser as de “sempre” que sinto.
Queria poder fazer amizades de Lego
Onde eu encaixo
E desencaixo tudo que é e não é
Colocando perucas
Ou tirando cabelos
Eu decido!
Não agüento mais sentir culpa
Do que eu sei que fiz
E ainda faço
A sensação mentirosa de poder voltar atrás
Aposto que eu se eu pudesse
Eu faria tudo de novo
Só gosto do que não tenho
Só aprecio o que não posso ter
E se passo a ter
Acho que no fundo penso
“Que estranho eu ter isso...”
E novamente
Por não ser legal
Acho que é meio fácil demais
Alguém gostar de mim
Como se falasse
“Algo aí tem”
Volto!
Como quem anda em círculos
E me arrependo
De atitudes que fiz
Peço outra chance
Pra Deus
Pro destino
Ou pra quem existir
Outra vez
Outro momento
Só queria ter novidades para contar.
Passo a viver de lembranças
Emocionando-me com cada música
E cada filme que vi
Com alguém
Que agora passou a ser Tudo
Enquanto eu mesmo me transformei no Nada
Parece que minha última chance de ser feliz se foi
Com outra pessoa
Na garupa de uma moto que graças a Deus não vi
E sobrou a solidão
Que eu mesmo me coloco
Na eterna dúvida
Se o pior é sofrer por alguém
Ou o medo de nunca mais ter alguém pra sofrer?
Porque
Fingindo pra mim
E pra quem tá perto
Que meu passado era perfeito
Eu continuo não sendo
E empurro com o pé
Como quem empurra o móvel perto de si
Todo mundo que chega perto
Achando que o melhor ainda virá
Que eu não consigo
“Eu não consigo”
“Eu não consigo”
Esbravejo!
E quase surto, como em tudo
Como uma criança mimada
Que nunca decide o que ganhar de natal
Porque acha que algo melhor vai ser inventado
Até que novamente
Depois que vai
Eu fico
E fico
Nesse eterno ciclo vicioso
De dar a última palavra
Virar as costas
Ir embora
E ficar sozinho
Com pena de mim
De novo...

Um comentário:

Meu Blog Chegou disse...

Hahahhaha o nome fez sentido...