segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Mais que dois

E vira cada um
O que um dia já foi dois
O cúmulo da injustiça
Assim como aquele que pra justificar os erros que faz
Simplesmente decidir rever os conceitos
De uma vida...
Será que vale?
O cada um que sobra
Agora delimita o seu território
Que um dia foi de dois
Locais
Horários
O tempo
E o incrível acontece
O indivisível
Agora tem uma divisão tão racional
Quanto um choro de madrugada
Que não funciona
Às vezes os limites ficam a mercê dos imprevistos
E o cada um
Vira dois
Pelo menos quanto se conta
Que por dentro
Talvez sejam até meio
A metade de um
Ficou com o outro
Pena que é segredo
E não confirmado...
E o um vira
E se vira
Para não ver
Enquanto o outro finge que não viu
Tentando concertar o erro do indivisível
De um jeito previsível
E ensaiado
Como tem gente inocente...
Cada um não percebe
Mas todo mundo percebe
Que já não são
Mas todo mundo só não sente
O que cada um sente
“Será que alguém ainda sente?”
“Será que um gosta mais?”
“Será que foi de comum acordo?”
“Por que acabou?”
Até que um
De dois se vão
E volta a ser um
Ou até meio
Sofrendo com a saudade de ser dois
Ou não...
Podendo até estar feliz
com a nova chance que a vida lhe deu
De ser dois novamente
E quem sabe até...
Chegar a ser mais
O quanto quiser...

Um comentário:

Unknown disse...

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez eu sei
Escuridão já vi pior de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Renato Russo