quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Deixa que calem...

Acho que já levantei essa questão anteriormente. Acho não, tenho certeza. Não sei por que as pessoas usam acho para afirmar algo que sabem que é, deve ser mania, eu acho...
Enfim, o tema foi essa coisa do preconceito existente em algumas camadas da sociedade e que veio a tona novamente depois que uma menina lá falou dos Nordestinos, que deveriam ser afogados em São Paulo, etc...
A princípio achei que a repercussão do caso mais uma vez por se tratar de minorias (quando digo minorias não são em valores quantitativos, mas sim o que a sociedade impõe como minoria) foi exagerada, já que vi o comentário como uma piada de humor negro, por assim dizer, até porque eles teriam que ser afogados no Tietê já que São Paulo não tem praia (há há há, não podia perder a piada).
Mas falando sério dessa vez, essa história novamente me levou a pensar que a proteção nesses casos é a maior forma de preconceito e discriminação. Tudo bem que nesse caso tem uma ameaça de morte, ou uma “pseudo ameaça” que continuo vendo como uma brincadeira, mas sim... Teve. Porém, mesmo se ela não tivesse falado de morte no fim, ou algo assim, o comentário continuaria dando o que falar.
A sociedade brasileira e não sei se isso é uma tendência mundial, tem uma mania de proteger essas minorias, as colocando em determinadas situações de intocáveis que por si só mostram para a população uma fraqueza que ali tem.
Será que se a menina tivesse falado do Rio de Janeiro, que também elegeu a Dilma, a repercussão seria a mesma? No mínimo ela trocaria meia dúzia de palavrões com algum carioca e pronto, acabaria ali, por que com o resto é diferente?
Acho que o preconceito está na forma em que a pessoa se sente com aquilo que escuta. Eu como carioca em vários locais do Brasil já fui taxado de favelado, já fui chamado de branquelo, Magrelo (bons tempos), como Flamenguista já fui chamado de ladrão, assaltante e nada me feriu ou sequer feriu alguém do governo, OAB , e esses órgãos por aí, ou acha que alguém processa alguém por esses motivos?
Agora, imagina você chamar algum Nordestino de Cabeção, ou algum Homossexual de Bichona, alguma gordinha de Baleia, um Negro de Crioulo e por aí vai, a coisa é bem diferente né?
O que eu acho é que certas datas comemorativas que inventam como o Orgulho Gay, Consciência Negra e dia da Mulher são datas preconceituosas por si só, ou leis que inventam de inserção dessas pessoas na comunidade, porque ou elas são preconceituosas por demonstrarem que essas camadas da sociedade são sim mais frágeis ou por esquecerem de seus opostos, que acaba sendo a grande maioria, dando prioridade apenas para uns. Sim, eu poderia me sentir prejudicado, poderia me sentir injustiçado, não poderia??
Outra coisa que me chamou a atenção nesse caso “Nordestino “ foi ler algumas coisas, algumas respostas, principalmente um blog em que se defendia atacando. Exaltava toda a maravilha do Nordeste Brasileiro e falava mal de todo o resto do Brasil, fazendo uma balança totalmente desleal do pior com o melhor, comparando o Nordestino Caetano Velloso com Latino e Kelly Key... Um Fanfarrão como diria o carioca Capitão Nascimento interpretado pelo Nordestino Wagner Moura.
Mas é assim que uma camada que tanto reclama do preconceito deveria se comportar? Isso é culpa da segmentação criada pelo governo em inventar datas, semanas, entre outras coisas e tratar certas regiões e suas conquistas como de uma criança com deficiência mental, em que cada pequeno passo é uma grande vitória, como se todos não fossemos iguais
O que tem que ser revisto é que na busca por igualdade acabamos por nos dividir ainda mais. E somos obrigados a conviver com além das barreiras geográficas e faixas etárias, subdivisões de gostos, preferências, etnias, etc. colocando essas classes como “inferiores” simplesmente por essa super-proteção exagerada, como uma criança que sempre será defendida pelos seus pais e crescerá sem conseguir buscar o respeito das pessoas por si só e quando crescer se sentirá ainda mais frágil e vulnerável, porque nunca passou pelas barreiras preconceituosas da vida sozinha.

2 comentários:

Cristovam Dias disse...

Caro Dudu, concordo totalmente com você e concordo também com quem se ofendeu. E também espero que você concorde que é necessário que haja respeito mútuo. Vejo qualquer nação como uma grande máquina onde engrenagens das mais diversas funções executam seu mister e onde a máquina para ou não funciona a contento se uma dessas ditas engrenagens quebrar. Somos engrenagens dessa grande máquina chamada Brasil. Somos todos importantes e, por isso mesmo, devemos respeitar e procurar conhecer cada um de nosso compatriotas para aprendermos a respeita-los também. Se acontecesse a almeijada (por alguns, talvez, equivocados) separação geográfica do Brasil em dois, ninguém sairia ganhando. O prejuízo seria geral. E nosso amado Brasil deixaria de ser a terra mais bonita do Universo.

Meu Blog Chegou disse...

Concordo com muito do que você disse e com o comentário já deixado, e nordestina moradora do Rio que sou, não posso deixar de complementar que essa diferença existe SIM, pois principalmente cariocas e paulistas se acham superiores que os nordestinos, que mesmo sendo maioria em número, são excluídos.

SEMPRE sou sacaneada quando digo que nasci em Alagoas, e SEMPRE por sulistas. Sou a prova de que o preconceito existe.

Por mais que seja 'brincadeira', Dudu, é preconceito. Como muito bem diz a minha mãe:

- Só é brincadeira quando os dois riem.