quinta-feira, 15 de março de 2012

Se Surpreenda

Entre as relações interpessoais, talvez o maior erro, é tentar adivinhar o que o outro pensa ou porque age de determinada forma.
Sim, a convivência, o dia a dia e o tempo fazem com que algumas pessoas percebam traços na personalidade de outros indivíduos, porém nunca saberá exatamente o que o outro pensa.
Parece lógico o que eu digo, mas por mais lógico que isso realmente seja, o que eu mais me deparo no cotidiano são as pessoas tentando entender ou “solucionar” porque determinada pessoa agiu de determinado jeito. Por mais que se saiba que nunca se achará o porquê de determinada situação, sempre se tenta mesmo que de uma maneira bem discreta, algumas possibilidades.
No árduo caminho de tentar entender o outro, passa-se inevitavelmente pelo estágio que é compará-lo a si mesmo com aquele argumento do se: “Se eu faria assim, ele também age como eu”, “Se eu na situação dele faria desse jeito, ele também fará”, ou “se eu já fiz isso, uma vez porque me senti dessa maneira, com certeza ele se sente dessa maneira” e mais uma infinidades de possibilidades que nunca trarão certeza, dizem que o “se” tem dessas coisas.
Mas pasmem com a revelação agora, acho que ela mudará a vida de muita gente. As pessoas, não são iguais! Não é porque você agiu desse jeito, sentiu algo, se emocionou com determinado assunto, que a outra pessoa fará exatamente igual. O ser humano é único, e por mais que tenha o mesmo signo, a mesma idade, a mesma condição financeira, a mesma família, a mesma criação e a mesma aparência, todos são pessoas completamente diferentes.
Entender ao fundo as atitudes de alguém é algo tão insolucionável que mesmo se Breuer ou Freud tentassem até hoje, não obteriam uma resposta para tal coisa.
“Mas eu achei que conhecia fulano” diria uma esposa que se decepcionou com o marido depois de 30 anos de casado. E ela conhecia, eu diria. Conhecia muito bem por sinal. Sabia como ele gostava do pão, de que lado da cama gosta de dormir e sua cor favorita... Mas o que ele pensa e como se sente? Isso ela nunca saberá realmente. Provavelmente nem ele mesmo sabe.
Além de todos os pontos já citados, para se entender porque alguém agiu de determinado jeito, precisa-se ir fundo à história do individuo, ver todos os acontecimentos, crenças, traumas e mesmo assim, ainda longe da resposta e mesmo que hipoteticamente seja traçado um perfil básico de alguém, ele por conta do seu livre arbítrio tem a opção de naquele dia, logo daquela vez, fazer todo o contrário do que sempre fez. Como prever?
Talvez seja por complicações tão simples como essas que a mente humana e as relações sejam ainda tão fascinantes para o mundo cientifico. Talvez porque diferentemente de vários campos da sociedade, essas não seguem muita lógica, são porque são...
Mas tudo bem, em determinados momentos, é horrível viver na incerteza, com a dúvida de tentar entender o que cada coisa quis dizer, porque a pessoa agiu daquele jeito. Mas imagine um mundo ao contrário, em que todo mundo seguisse um manual de funcionamento desde criança e teria que o seguir exatamente do jeito que foi determinado, sem a chance do improviso, sem a chance da contradição, sem a chance de surpreender...
Por isso não tente perder tempo supondo porque alguém disse, fez, ou insinuou determinada coisa. Não adianta perder tempo tentando adivinhar uma coisa da qual poderia ser tanta coisa e que você nunca terá certeza. Aceite que as pessoas são diferentes e confusas. Gaste seu tempo em coisas mais produtivas, como tentando se entender melhor por exemplo...
O fascinante no ser humano é isso... É saber que não da nunca pra saber de nada. É entender que mesmo depois de anos convívio, nunca se terá a certeza de que aquele oi é só um oi e se o Tchau foi realmente um Tchau...

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