sexta-feira, 30 de abril de 2010

Florentina, Florentina...

Então, normalmente eu critico muito a saúde pública, as leis, o descaso a população etc. Mas confesso também que muito dessas minhas colocações eram baseadas em experiências lidas, ouvidas, contadas, porém pouco delas vividas... Até que tudo mudou.
Eu há tempos ando protelando para fazer uma extração de meus sisos, os 4 para ser mais exato (acho que se tivesse mais, arrancaria mais) pois bem, um dia decidir que teria que fazer logo pois estava prejudicando o andamento da minha arcada dentária que sofreu durante 4 longos anos com a aparência de “Beth a Feia”, usando aparelho. Decidi ir ao meu dentista e falar sobre a extração que era necessária nesse momento, mas que deixou de ser quando ele me falou da fortuna que era para fazer a extração dos 4, mas tudo bem... Tenho que fazer, contrariado pela quantidade de coisas que poderia comprar com esse dinheiro, mas teria que fazer... Até que, minha mãe me da a brilhante idéia de arrancá-los no Hospital Pedro Ernesto, local em que ela trabalha e me encaixaria lá em algum horário. Nesse momento eu pensei: "beleza".Já tive algumas experiências com o hospital e tudo ocorreu bem, e o dinheiro que vou economizar vale a pena... Então... Vamos lá
Aí chega o dia marcado, e eu como um bom paciente de hospital público chego antes do marcado (estava marcado para as 3 horas, cheguei 1:40) já com toda a medicação necessária tomada e tudo mais.
Quando chego ao local já fico um pouco preocupado com a fila que se forma na porta sem nenhum atendente ou algo do tipo, porém como ainda é cedo eu não me abalo...
O tempo vai passando e ninguém vai aparecendo, só quase às 3h chega uma atendente toda sorridente e feliz com um corte de cabelo que lembra o da Xuxa quando ela descobriu que envelheceu, que me diz que o meu “médico” e alguns outros dois ainda não estava lá, estavam ocupados.... Fui obrigado a esperar
Nesse momento em que esperava coloquei em prática todo o meu talento de fazer amizades em momentos de tédio. Falei sobre o tempo, ajudei uma menina lá com certo distúrbio a fazer palavras cruzadas, virei especialista em dentes e o tempo passava e nada dele chegar, já passaram das 4h da tarde no momento em que comecei a ter alucinações de ter ouvido que o meu “médico” não apareceu porque estava em um bar jogando sueca e bebendo um “choppinho” e já estava fechando a conta... Eu juro ter ouvido: “Olha o jogo ta empatado e já eles pedem a saideira e estão vindo” E enquanto eles desempatavam descobri que a filha de uma das moças que estavam lá era precoce e teve cabelo nas axilas desde os 7 anos de idade... São casos da vida...
Mas aí, acho que eles se deram conta que já estava na hora e apareceram e ficou tudo bem.. Na parte do atendimento não tenho habilidade técnica para reclamar, talvez apenas no âmbito da ética em que toda hora entrava alguém para perguntar se ele o outro assistente presente na sala viram a mulher nova que era gostosa, e começaram a decidir quem a pegaria primeiro... Fora isso arranquei meus 4 dentes sem problema algum, porém com 3 horas de atraso.
Então esse meu relato foi para contar como em alguns casos a deficiência da saúde pública é precária simplesmente pela falta de sensibilidade de algumas pessoas inseridas diretamente nelas em honrar com seus horários e compromissos marcados. No meu caso, não era algo urgente, estava lá por ser pão duro e tinha a opção de ir embora ou algo do tipo, pois não sentia dor. Agora imagina, alguém que está morrendo de dor, que chega de madrugada e não é atendido pela manhã simplesmente porque a médica quis pegar a receita com a Ana Maria Braga primeiro, antes de sair de casa...

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