quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Sequestro Relâmpago

Ele entrou e disse:
”Não desce”
Senti uma falta da minha infância
E dos trombadinhas de canivete.
Eles vagando pelas ruas
Que boas lembranças
Procurando pelas suas andanças
Kenner e algum outro chinelo
Uma vez até ajudei
"Leva também esse livro que não quero”.
Mas agora o bagulho é sério
Não dá tempo de correr
Tem essa coisa do mistério
De não saber o que vai acontecer...
Não tem mais mochila
Nem relógio
Ou aquela merreca que a gente esconde.
Eles estudam apostila
Sabem de tudo
Bijuterias conhecem de longe.
Agora é carro
Iphone
Produto de ponta
Carteira nem pensar
Dinheiro só com saque direto na conta.
Agora é diferente...
Tem passeio
“Devagar, devagar”
"Bota o pé no freio!!!"
Nunca vi ladrão que gostava de correr.
Pra dizer a verdade
Será que é um pré-requisito
Essa aversão por velocidade?
Mas tudo mudou
Eles estão folgados
To vendo o dia que vai ser:
“Dirige até  Cancun que eu to estressado”.
Se bem que deve estressar mesmo
Ficar parado
Surgir do nada.
Esperar horas e horas
Para a próxima emboscada.
Sem contar o azar
Que é escolher um azarão
Vai que o cara é PM?
Depender da sorte não é mole não...
Eles são profissionais
Fazem tudo direitinho
Mantém a cara de mal
Mesmo que no fundo sejam bonzinhos.
Da pitaco no meu rádio
Pelo menos ele pode
Fica estressado:
“Porra, cadê o pagode?”
E a mãe liga
Mas que momento inoportuno
Mas é aquilo
Ladrão tem família igualzinho a todo mundo.
Ele da uma voltas
Vê a paisagem
Virei uma espécie de motorista
Deveria cobrar a passagem?
Agora ele tem pressa
Quer ver o jogo
Que ladrão doido
Aposto que é Botafogo...
Sinto medo
Mas a pose mantenho
Mesmo quando ele leva o que é meu
E até o que eu não tenho...
Leva tudo
Mas no fim das contas ele é desconhecido e pode
Pior é o governo que me rouba
E gente conhecida que me fode...
Por isso talvez
Só pelo carinho de no final apertar minha mão
E me deixar inteiro
Eu já pensei:
“Que cara Sangue bom”
“Que maluco maneiro...”

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