A tecnologia
chegou (há tempos na verdade) e com ela a sociedade passou por uma sequência de
transformações, principalmente no meio
de buscar informações. Antes, talvez até
a década de 90, todos eram mais passivos (por não terem escolhas), dependentes dos meios de comunicação
de grande massa, que de certa forma influenciavam diretamente em tudo aquilo
que era visto e ouvido.
Claro que existiam
sim possibilidades de se trilhar outros caminhos na busca de algo diferente do
que se era oferecido, mas a facilidade nem se compara com a velocidade que um
simples clique na internet proporciona agora. Não estou nem entrando de mérito
do poder da mídia em manipulações sobre os fatos, verdades e mentiras, teoria de Agenda-setting, entre outras coisas, mas sim única e exclusivamente no acesso cultural, mais
especificamente da música.
A tecnologia, e com ela seu principal veículo
a internet, aumentou ainda mais a segmentação musical ou melhor, ajudou na
busca dessa segmentação que talvez já existisse desde sempre. Hoje em dia é muito
fácil ouvir uma banda da China ou acompanhar a carreira de algum artista Hindu
em momento real, porém, na maioria dos casos, escuta-se muito, porém conhece-se
pouco.
Até a já citada década de 90, antes da maravilha
do download de músicas, quando se gostava de uma simples música de uma
determinada banca, se ouvia o disco inteiro, o K7 inteiro, e a partir daí toda
uma descoberta adentro daquele álbum era feita. Hoje não. Hoje existe apenas
uma melhor música de vários álbuns, várias músicas ouvidas, porém nenhum
trabalho conhecido, sem tempo para conhecer, sem paciência para apreciar, uma
busca incessante apenas do apararentemente melhor do melhor de cada um e nada mais.
O problema é que com isso, mesmo com toda a
possibilidade de informação ao alcance, o não aprofundamento de certos materiais,
continua manter a sociedade dependente de certos meios não tão grandes como os
meios de massa de anos passados, porém, ainda parciais como: festas, DJ’s e
rádios online, que passaram a ser os “garimpadores” do que existe de bom por aí
para um público que mesmo com toda a possibilidade de buscar seu próprio
conhecimento, prefere continuar no papel de passivo aceitando apenas o que lhe
é dado, mas que acha que escolhe, só porque faz o download.
Por outro lado, os meios de massa enxergando
agora de perto tantas e tantas ramificações segmentadas de estilos e mais
estilos, precisam de coisas cada vez mais simples para fazer de homogênea uma
sociedade que deixou de ser homogênea há muito tempo. E a partir daí a sensação
de que nada de bom mais é feito, nada mais de interessante surge, apenas uma
sobrevida dada por músicas novas de bandas que já estão na estrada há bastante
tempo , ou novidades artísticas, cada vez mais sem conteúdo, que servem apenas
para preencher os espaços publicitários e shows e mais shows de uma sociedade
carente, que transforma até ex-BBB em ídolo.
Até aí estaria tudo bem, cada um escuta e
gosta do que quiser, se isso não levasse certos artistas e bandas em estereótipos
que talvez não merecessem. Pois com o popular, cada vez mais popular, gravadoras
e rádios investindo cada vez menos, qualquer coisa que se destaca, foge do
simples, dos mesmos recados que são passados, passou a ser alternativo, cult,
não prestar e etc.
Imagine se um rapaz de óculos, barbudo
cantando poemas de amor aparecesse com sua banda por aí. Eles se enquadrariam
na massa? Ou teria o status de “maluco”, “alternativo”, “chato” e tudo mais.
Pois é... Esse rapaz poderia ser o Renato Russo que chegaria talvez duas
décadas atrasado com a Legião Urbana, e hoje não faria sucesso algum. Alguém
tem alguma dúvida disso?
Eu não consigo imaginar alguns CDs que tanto
fizeram sucessos em outrora sendo lançados agora e tento a mesma receptividade.
Por quê? A sociedade evoluiu tanto assim em qualidade ou exigência, ou ficou
cada vez mais preguiçosa em captar mensagem que já fizeram sentido há algum
tempo
atrás?
Talvez por isso as músicas antigas tem feito cada vez mais sucessos em festas, regravações, releituras e tudo mais que puder ser explorado... Por essa necessidade de resgatar um tempo especial que infelizmente, pelo andar da carruagem, nem se botar o disco ao contrário, volta mais.
Pra mim, por mais que a massa sempre tenha sido
popular para alinhar ao máximo o número de pessoas dentro dela, a sociedade se
perdeu com tantas possibilidades de informação e hoje em dia fica por aí,
migrando de som em som, de faixa em faixa, se achando dona do controle remoto,
mas apenas varia entre febres e histerias de artistas (questionáveis) de um sucesso só, que ainda são oferecidos pela nova grande massa,
que mesmo sem condições nenhuma mais de controlar, inexplicavelmente... Continua
controlando...
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