quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Caixeiro Viajante

Eu vou sair pelo mundo
Assim meio que aos poucos
E do nada entrar no primeiro ônibus
E ver pra onde ele vai me levar.
Depois vou pegando caronas
Tomando aviões
Vendo a distância cada vez mais perto
Em forma de cartões postais.
Eu quero ouvir sotaques
E idiomas irreconhecíveis
Ver novos alfabetos
Assustar-me com a quantidades de consoantes em um só nome.
Quero entrar em um orelhão
Ou seja lá o nome que aquilo for
E não saber reconhecer os números
Nem que seja pra ligar pra casa
E contar que eu morro de saudades.
Quero não ter endereço
Levar e deixar um pouquinho de mim em cada lugar.
Vou transformar minha mochila numa casa
Fazer o vento de mapa
Meu coração de bússola.
Quero revirar os quatro cantos
Descobrir se talvez exista um quinto.
Quero nadar nas praias
Passar frio na neve
Visitar aldeias
Brigar pela causa dos índios.
Quero ajudar quem precisa
Levar a paz
Entender os lados
Ser imparcial
Entre os Judeus e Palestinos.
Quero ver cidades no meio do nada
Ver as ruínas de tudo que já fomos um dia.
Ver civilizações antigas
Mais tão antigas
Que de tão caduca
Nem ela sabe bem quando começou.
Quero explorar a minha rua
Dar olá para os meus vizinhos.
Quero me vestir como turista
Ser mais local que um local.
Quer conhecer os locais clichês
As Torres
Letreiros
E relógios.
Quero ir ao desconhecido
Encantar-me com o pôr do sol de cada lugar
Achando que aquele provavelmente é o dia mais feliz da minha vida.
Quero escalar montes
Mergulhar em cavernas
Ter tantas experiências maravilhosas
E só assim
Através da falta
Valorizar quem já não tenho mais.
Quero viver na multidão
Ser mais um no meio da massa.
Quero saber o que é solidão
E ser o único
Dentro do vazio de um eco.
Quero ouvir canções variadas
Tocar o que eu gosto de ouvir.
Quero fazer amizades de toda uma vida
Em festas alucinantes
E depois
Acordar de porres inesquecíveis
Sem lembrar o nome do amigo
E muito menos do lugar onde estou...
Vou participar de banquetes
Provar comidas exóticas
Saciar-me com os doces mais apetitosos
E no final de tudo
Implorar pelo o arroz e feijão de casa.
Quero esbarrar com a diferença
Valorizar a semelhança
Dar conselhos para quem eu já fui um dia
E entender
Na sabedoria de um banco praça
Tudo o que ainda posso ser.
Quero ouvir histórias
Conhecer pessoas
Viver intensamente todos os lugares
Revirar o mundo em busca de mim mesmo
E depois voltar
Comigo debaixo do braço
Tendo a certeza
Que aqui
Mesmo eu saindo a procura de tudo
Foi onde eu sempre quis estar...

Nenhum comentário: