quarta-feira, 12 de março de 2014

Sonhos de Um Banco de Praça

Esses dias eu vi um homem chutando uma bola na rua. Sim, um homem, talvez isso que tenha me trazido tanta surpresa. Não era um menino como já tinha visto outras vezes, mas um homem mesmo, feito, com barba, alguns cabelos brancos e tudo. E ele ia chutando a bola driblava as pessoas, batia com ela no muro, passava por sinais, meio-fio, sem em nenhum momento pegar a bola com a mão. Fiquei por tempos olhando aquela cena, encantado. Não com a habilidade do homem (que poderia até ser um menino), mas sim com toda aquela situação inusitada que beirava quase a inocência. Pensei muito na vida, em mim e na minha falta de inocência hoje em dia. Onde que eu teria coragem de sair chutando uma bola por aí, sem me importar com o que as pessoas diriam, o que achariam, o que pensariam e tantos outras questionamentos que no fundo me impendem de sonhar da maneira inocente com o que eu fazia antigamente.

Pensei sobre isso o dia inteiro, e me perguntei por que pensei nisso o dia inteiro? Acho que é a minha necessidade de coisas boas, noticias boas,  novidades,  e ver as coisas com mais inocência.. Lembre de tudo que eu não tinha mais: Minhas metas, meus planos, meus sonhos inocentes, e do nada me lembrei de você. Engraçado essas horas inusitadas que você me aparece, assim sem mais nem menos.
E aí fui tomado por um bando de ideias loucas, inocentes mesmo, de fazer coisas simples, românticas, dignas de um conto juvenil,  em busca de novidades e de ser um pouco quem eu fui.

Me deu uma vontade de viajar, de sair pelo mundo correndo sem rumo. Pedindo carona, conhecendo pessoas, parando de lugar em lugar. Como se hoje em dia, fosse fácil assim, viajar e pedir caronas pelo mundo. Esse era o começo da minha inocência.
Aí passei por aquela praça que passo todo dia e da qual nunca me dei conta, mas pela primeira vez reparei nos bancos vazios, e me deu uma vontade mais louca ainda de sentar em um daqueles bancos, sentar sem pressa, sem medo do trânsito, sem me importar com nada, com que pensariam de mim.   sentar e esperar alguma coisa acontecer.  Aí fiquei imaginando o depois, sabe? Um jornal voando na minha cara e eu lendo uma notícia inédita, o nome de alguém que faria sentido, alguma oportunidade de ir pro Tibet ou um emprego dos sonhos...

 Aí fui indo além... Por que não? E pensei em alguém sentando do meu lado, buscando as mesmas coisas que eu.  Coisa de filme: Aquele olhar apaixonado, um amor à primeira vista, um sorriso sincero, um sentindo pra tudo... Aí fui mais além... E novamente imaginei você, passando pela praça e me vendo. E timidamente parando, e assim a gente falaria tudo que a gente nunca disse sobre os planos, sobre o por que não ter dado certo, o que a gente sente falta um do outro, e aí antes de ir... Aliviados, enfim então você me daria uma esperança, me diria alguma frase, me contaria o segredo da vida, ou quem sabe até tiraria o tal jornal da bolsa, cheio de novidades que eu ficaria lendo, lendo, e lendo por horas, até me perder no tempo e reencontrar graças a você, o não me importar com mais nada, a coragem de sentar naquele banco de praça e as novidades daquele jornal, a inocência de acreditar em tudo de novo, mais uma vez...

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