quarta-feira, 9 de maio de 2007

Conversível Azul Celeste

Ernesto era um homem sério, muito trabalhador e possuía um bom cargo na empresa de seu tio Rubens, ele era o responsável por todo o setor de datilografia.

Seu grande amigo Cícero fazia trabalhos aqui e ali de forma que pudesse levar a vida. Mas ele nunca aceitou o fato de ter que se esforçar além dos outros e mesmo assim possuir uma condição inferior.
Cícero gostava de brincadeiras, que de uma forma geral davam a ele uma certa vantagem.

Certo dia os dois se encontraram no centro da cidade próximo ao bondinho e Ernesto gritou:

- Cícero! Cícero!

Este quando ouviu por seu nome e viu o amigo parou sua corrida para o bonde
e foi cumprimentar seu amigo.

- E aí rapaz como estás? Perguntou Ernesto.
- Sabe como é, um trabalho aqui outro ali, mas vou levando.
- Estavas a pegar o bonde para casa?
- Sim, antes que fique tarde demais.
- Venha comigo, comprei um carro novo, lindo demais!

Ao chegarem no estacionamento Cícero vislumbrou aquela belezura.
Azul celeste metálico, rodas de banda branca e bancos em couro; mal pode conter toda a sua inveja.
Ernesto levou o amigo até sua casa e de lá se despediram.

Cícero passou a noite em claro bolando meios de ganhar aquele carro, e sabendo que Ernesto acreditava muito e azar, trabalhos e afins elaborou seu plano para tomar posse do conversível de Ernesto.

Todos os dias pela manhã Cícero fazia algo a danificar aquele carro.
Arranhou lataria, furou pneu, esvaziou step, riscou o vidro, tirou até mesmo a tampa do bico do pneu.
Até que certo dia não agüentou tamanha insistência de Ernesto em manter o carro e foi além, arrancou o cabo de freio do conversível.

Cícero imaginava que Ernesto iria novamente para o centro, para a velha empresa de seu tio, no entanto Ernesto precisava visitar clientes no interior do estado.
Ao pegar a curva do Catombo na estrada para Vassouras, Ernesto não encontrou freio e seu carro foi ladeira abaixo, capotando diversas vezes até chegar ao fim.
Cícero na manhã seguinte veio, a saber, que seu amigo se acidentara e que havia falecido.
Compareceu ao enterro de seu amigo onde ofereceu toda a sua ajuda a família e principalmente ao dono da empresa, tio de Ernesto e hoje ocupa o cargo de Ernesto na empresa e possui o mesmo conversível azul celeste recuperado do ferro velho por 500 réis.

Semana passada o Tio de Ernesto comprou um Cadillac vermelho e parece que Cícero não ficou muito contente...

Um comentário:

Meu Blog Chegou disse...

hahahahahahhaha

sensacional